Saúde

Ministra da Saúde ordena inquérito ao INEM para saber se houve falhas nos serviços mínimos durante as greves

Ana Paula Martins, ministra da Saúde
Ana Paula Martins, ministra da Saúde
António Cotrim/Lusa

Ana Paula Martins pediu à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde para averiguar se o INEM teve responsabilidades no incumprimento dos serviços mínimos a 4 de novembro, dia em que decorreram duas greves simultaneamente

A ministra da Saúde pediu à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde para averiguar se o INEM teve responsabilidades no incumprimento dos serviços mínimos a 4 de novembro, dia em que se realizaram duas greves, uma decretada pela Federação Nacional de Sindicatos Independentes da Administração Pública e outra pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, noticiou na segunda-feira a TVI e confirmou o jornal “Público” junto do Ministério da Saúde.

Ana Paula Martins visita nesta terça-feira o INEM, seis dias depois das medidas de contingência para minimizar atrasos na resposta à população, um assunto que deverá também levar a ministra a dar explicações no Parlamento.

A visita de Ana Paula Martins à sede do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em Lisboa, está agendada para as 15h30, mas antes a governante vai ser ouvida na Assembleia da República sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2025.

Apesar de a audição conjunta nas comissões de Saúde e de Orçamento, Finanças e Administração Pública ser sobre a proposta orçamental para o próximo ano, Ana Paula Martins deverá ser confrontada com os atrasos registados na linha 112 e no acionamento dos meios de socorro.

Depois de se terem verificado pelo menos dez mortes alegadamente relacionadas com falhas na resposta do INEM, foram abertos vários inquéritos e diversos partidos da oposição pediram diretamente a demissão da ministra da Saúde, enquanto outros desafiaram o primeiro-ministro a avaliar se Ana Paula Martins tem condições para se manter no cargo.

Na resposta, Luís Montenegro considerou que as dificuldades no INEM não se resolvem com a demissão de Ana Paula Martins, alegando que a consequência política a tirar passa por resolver os problemas do instituto.

A bancada do PS já pediu também para que o presidente do instituto que coordena o Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), Sérgio Janeiro, seja ouvido na Comissão de Saúde urgentemente, alegando a necessidade de "apurar responsabilidades pelo colapso" do sistema, um requerimento que vai ser votado hoje à tarde.

A falta de recursos no INEM, incluindo de técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH), tem sido recorrente nos últimos anos, mas ficou mais evidente em 4 de novembro, quando 46 meios de socorro pararam durante o turno da manhã e 44 durante o turno da tarde, além da demora no atendimento de chamadas no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

Essa situação deveu-se à paralisação da função pública que se realizou nesse dia, mas também à greve dos TEPH às horas extraordinárias, que foi, entretanto, cancelada depois de uma reunião de emergência na quinta-feira entre o Ministério da Saúde e o sindicato da classe.

Na véspera da suspensão da greve, o conselho diretivo do INEM foi obrigado a implementar várias medidas de contingência para melhorar o funcionamento dos seus CODU, como a criação de um fluxo de triagem para chamadas com tempo de espera superior a três minutos, a integração de enfermeiros nos CODU e a revisão dos procedimentos de passagem de dados às equipas no terreno.

No fim de semana, o instituto garantiu que os tempos médios de atendimento registaram, em média, 20 segundos de espera, como resultado das medidas implementadas na semana anterior.

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