Saúde

Médicos concentrados no Porto exigem regresso às negociações para salvar SNS

Médicos concentrados no Porto exigem regresso às negociações para salvar SNS
Rui Duarte Silva

Na semana passada estava marcada uma reunião com as estruturas sindicais e o Ministério da Saúde que foi “cancelada sem explicação quando se vive um caos nas urgências e no SNS”, recorda a presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), Joana Bordalo e Sá

Algumas dezenas de médicos juntaram-se hoje, no Porto, no primeiro de dois dias de greve convocada pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam), para exigir ao Governo que desbloqueie as negociações e salve o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"O público é de todos, o privado é só de alguns" e "A saúde é um direito, sem ela nada feito" são algumas das frases entoadas junto à entrada do Hospital de São João, no Porto, por médicos que se dizem "fartos de esperar por um acordo que os respeite e respeite os utentes".

Em declarações à agência Lusa, a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, recordou que estava marcada na semana passada uma reunião com as estruturas sindicais e o Ministério da Saúde que foi, disse, "cancelada sem explicação quando se vive um caos nas urgências e no SNS".

"Temos um Governo. Apesar da crise política que vivemos, temos um interlocutor, temos Ministério da Saúde, o doutor Manuel Pizarro está em plenas funções, e as soluções estão em cima da mesa. Tem de haver vontade política real", disse Joana Bordalo e Sá.

Hoje cumpre-se o primeiro dia de uma greve de dois dias convocada pela Fnam.

A greve é acompanhada por manifestações e a federação convidou a população a juntar-se aos protestos em Lisboa, no Porto e em Coimbra, em defesa do SNS.

Na faixa que dezenas de médicos seguram hoje junto ao Hospital de São João lê-se "Na defesa da carreira médica. É preciso salvar o SNS. É preciso cuidar de quem cuida".

Já os cânticos alternam entre mensagens para os utentes e mensagens para o Governo: "Trinta e cinco horas para todos sem demoras!" ou "O povo merece o SNS".

"Os médicos do SNS são os médicos de toda a população e, tendo em conta a situação a que chegamos agora, com esta sangria de médicos todos os dias a sair do SNS, o que vai acontecer é que ficamos sem médicos para dar resposta. É necessário chegar a um acordo, um acordo que sirva os médicos e o SNS. É preciso desbloquear esta negociação", disse à Lusa a líder da Fnam.

Joana Bordalo e Sá considerou que "19 meses a negociar é já demasiado tempo" e insistiu que "o Governo está em plenitude das suas funções, o Ministério da Saúde é o mesmo, o ministro da Saúde é o mesmo".

"É preciso uma solução. Há urgências encerradas do Norte a Sul do país com o caos instalado e a população está a ser deixada para trás. Este plano de reorganização das urgências da Direção-Executiva do SNS é apenas um mapa de encerramentos", concluiu.

Quanto a números sobre o impacto da greve, Joana Bordalo e Sá remeteu para o final da manhã a atualização de dados, mas garantiu que os serviços mínimos "estão a ser escrupulosamente cumpridos".

As negociações entre o Ministério da Saúde e os sindicatos iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta da classe, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.

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