Quase metade das famílias portuguesas (45,8%) encaram como um encargo “pesado ou muito pesado” as despesas de saúde. O inquérito às condições de vida e rendimento de 2022 do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgado esta sexta-feira, 19 de maio, e referente aos 12 meses anteriores à data de realização do inquérito, revela ainda que 49,7% dos portugueses tem dificuldades a custear medicamentos, aumentando para 51,7% no caso dos cuidados dentários.
Face a 2017, porém, data do inquérito anterior, as proporções diminuíram: eram de 48,4% entre quem apontava como um encargo “pesado ou muito pesado”, 54,5% os que diziam ter dificuldades em pagar os medicamentos e 54,7% os que manifestavam dificuldade em pagar os cuidados dentários, explica o INE.
“A avaliação negativa do peso dos encargos financeiros com os cuidados de saúde é maior no caso das famílias em risco de pobreza, sobretudo para os cuidados dentários (59,4% de famílias em risco de pobreza) e para os medicamentos (61,6% de famílias em risco de pobreza)”, acrescenta o INE.
Mais de três quartos da população portuguesa (75,5%) com 16 ou mais anos disse ter ido a uma consulta com um médico de clínica geral, mas apenas 57,4% foi a uma consulta de medicina dentária ou de ortodontia.
Este registo é, ainda assim, melhor do que o número do inquérito anterior, de 2017, que apontava para uma percentagem de 53,4% de portugueses a irem a consultas no dentista.
“Foram ainda 52,5% os que consultaram médicos de outras especialidades (exceto dentistas e ortodontistas e medicina geral e familiar) nos 12 meses anteriores à entrevista, proporção ligeiramente inferior à estimada para 2017 (53,1%)”, detalha o INE.
As mulheres, entretanto, “referiram ter tido mais consultas médicas e com maior frequência do que os homens, com proporções de 80,6% de consultas de medicina geral, 59,7% de consultas com cuidados dentários e 57,8% com outros especialistas, e com 69,8%, 54,8% e 46,6%, respetivamente, para os homens”.
Entre as populações em risco de pobreza e o resto da população “não existem diferenças substanciais no acesso às consultas de clínica geral" mas, no que toca à medicina dentária, “mais de metade da população que vivia em situação de risco de pobreza não fez qualquer consulta de saúde oral ou de outras especialidades médicas nos 12 meses anteriores à data da entrevista”, segundo o INE.
O INE detalha ainda detalhes sobre os hábitos de saúde dos portugueses: “mais de metade da população adulta tinha excesso de peso (37,3%) ou obesidade (15,9%); 80,2% consumiam fruta diariamente; 63,3% consumiam saladas ou legumes pelo menos uma vez por dia e quase metade das pessoas praticavam exercício físico de forma regular pelo menos uma vez por semana. O consumo diário de tabaco foi indicado por 14,1% da população.”
No ano passado, “4,1% da população residente em Portugal encontrava-se em situação de insegurança alimentar moderada e/ou grave, valor ligeiramente inferior ao valor obtido para 2021 (4,3%) e para 2019 (4,7%)”, acrescenta.
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