A apresentadora portuguesa Catarina Furtado será a mestre de cerimónias da festa da gastronomia nacional, marcada para 27 de fevereiro de 2024. O evento, que acontecerá em Albufeira, terá uma grande vertente digital: a gala será transmitida em streaming e o Guia Michelin de Portugal não deverá ter edição física em livro
Jornalista
A primeira Gala Michelin exclusivamente de Portugal acontece a 27 de fevereiro em Albufeira, mas isso já era conhecido. Num encontro com jornalistas esta quarta-feira, em Lisboa, a equipa de comunicação do Guia Michelin revelou (quase) tudo o resto.
Recorde-se que em novembro de 2022, na Gala Michelin de Espanha & Portugal – relativa ao ano de 2023, que decorreu na cidade espanhola de Toledo, –foi anunciado que no ano seguinte o evento se restringiria a restaurantes espanhóis e que Portugal passaria a ter uma Gala própria, em 2024.
E assim foi. A 28 de novembro de 2023, em Barcelona, a Gala Michelin de Espanha – já sem Portugal, embora estivessem na plateia chefs portugueses – distinguiu dois novos restaurantes com três estrelas Michelin (o Disfrutar, em Barcelona, e o Noor, em Córdoba), um novo com duas estrelas e 31 novos restaurantes com uma estrela. Duas horas não chegaram para tamanha chuva de estrelas num país que conta 271 restaurantes estrelados. Podia ter sido pior: no ano anterior, em Toledo, a Gala durou quase três horas.
Por comparação, dessa edição de Toledo chegaram a Portugal cinco novas estrelas Michelin: no Encanto (Lisboa), Euskalduna Studio (Porto), Kabuki Lisboa (Lisboa), Kanazawa (Lisboa) e Le Monument (Porto). Quem abrir o Guia Vermelho, como são conhecidos os livros da Michelin, vai encontrar 38 restaurantes portugueses com estrela – 31 dos quais com uma, sete com duas e nenhum com três.
É por esse motivo que uma das principais dúvidas em relação à gala portuguesa se prendia com a sua duração. Se a edição portuguesa seguisse o modelo tradicional, 10 minutos bastariam para fazer a festa.
Está previsto que a Gala Michelin de Portugal demore cerca de hora e meia, segundo revelou esta manhã o responsável de Relações Institucionais Nuno Ferreira.
Para compensar a diferença de estrelas entre os dois países, a edição portuguesa vai convidar todos os restaurantes presentes no Guia: os que foram distinguidos com estrela Michelin (37), os BibGourmand (37) e os Recomendados (90). No total, são 164 restaurantes. Mas ao contrário do que acontece no país vizinho, os novos restaurantes BibGourmand e Recomendados também vão subir ao palco para fazer a festa.
A Gala vai consistir numa cerimónia de entrega de prémios, seguida de uma evento de showcooking preparada por uma selecção de chefs portugueses liderada pelos algarvios Rui Silvestre (Vistas, uma estrela) e Dieter Koschina (Vila Joya, duas estrelas).
A Gala Michelin de Portugal, que vai distinguir os restaurantes para o guia de 2024, acontece a 27 de fevereiro.
No auditório do hotel NAU Salgados Palace, em Albufeira.
A entrada faz-se mediante a apresentação do convite. A organização estima que na plateia estarão perto de 500 convidados, entre representantes dos restaurantes, imprensa nacional e internacional, e parceiros institucionais. Não vai haver bilhetes à venda.
Sim, a Gala vai ter transmissão em directo por streaming.
Além das estrelas Michelin, dos Bibgourmand e dos restaurantes Recomendados, vai haver lugar à atribuição de estrelas verdes – premeiam o compromisso dos restaurantes com a sustentabilidade ambiental. A última gala em Espanha teve também prémios individuais. Foi o caso do prémio Jovem Chef do Ano, do Sommelier do Ano, do Prémio Especial Serviço de Sala Michelin 2024 e do Prémio Especial Chef Mentor 2024, que se traduziu numa sentida homenagem a Juan Mari Arzak, um histórico da gastronomia do País Basco. Segundo a equipa de comunicação da Michelin, alguns destes prémios terão uma versão portuguesa, mas nem todos.
Mónica Rius, a diretora de comunicação da Michelin em Espanha, justificou a decisão salientando haver em Portugal uma “nova geração de chefs que estão a oferecer propostas interessantes e a criar uma cozinha portuguesa moderna que alia os sabores tradicionais a novas apresentações e texturas”. São declarações que vão ao encontro do que o diretor internacional do Guia Michelin, Gwendal Poullennec, afirmou em 2022, em entrevista à Lusa: “Os nossos inspectores têm vindo a acompanhar a evolução da paisagem culinária, há anos. A decisão que partilhámos de publicar uma selecção dedicada é porque não só acreditamos no potencial da actual cena culinária portuguesa, mas também porque estamos ansiosos e acreditamos definitivamente que mais irá acontecer”.
O Turismo de Portugal investiu este ano cerca de 800 mil euros na promoção da gastronomia portuguesa. Cerca de metade deste valor vai ser aplicado na Gala Michelin, revelou Lídia Monteiro, do Turismo de Portugal, que acrescentou ainda que o trabalho de promoção da gastronomia começou em 2019, mas que foi interrompida pela pandemia. “O ano de 2023 éM do ponto de vista da promoção de Portugal no seu conjunto, um ano de muita força. Foi um ano muito importante para o recomeço da atividade. A gastronomia aparece em todas os estudos enquanto uma das tendências de viagem mais fortes”, acrescentou ainda.
Os responsáveis não confirmaram, mas tudo aponta para que o guia português venha a ser exclusivamente digital, sob a forma de uma app e de um site. É o que vai acontecer em Espanha, que manterá, contudo, “uma edição em livro para os coleccionadores”, afirmou ao Expresso Elisabeth Boucher-Anselin, Communication Director Michelin Food & Travel, na última Gala Michelin Espanha. Em relação à possibilidade de o guia português ter existência física, Elisabet foi peremptória: “Não creio. Gosto do objecto, mas temos de ser racionais: tem um custo e as pessoas já não compram livros para esse efeito [preferem o digital]”.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt
