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Design: agora que vivemos em tempos mais conscientes e avisados, é bom lembrarmo-nos das coisas simples

Design: agora que vivemos em tempos mais conscientes e avisados, é bom lembrarmo-nos das coisas simples

Guta Moura Guedes explora as temáticas relacionadas com o design numa nova crónica

Design: agora que vivemos em tempos mais conscientes e avisados, é bom lembrarmo-nos das coisas simples

Guta Moura Guedes

Especialista em design

Em tempos de grande complexidade como os que vivemos, as coisas simples tornam-se um porto seguro. Ao atribuirmos à simplicidade a capacidade de nos transmitir segurança admitimos, de certo modo, que a complexidade pode provocar um grau de inquietação maior, ou de algum desconforto, o que pode ser verdade. Ora, precisando nós da inquie­tação e do desconforto para evoluir, mas também de segurança e equilíbrio, quais serão de facto os ambientes mais estimulantes e de que forma é que os podemos definir? Pensaremos nós nisso quando os definimos?

Existem no design várias tendências, umas que se direccionam para a simplificação da forma, tendo em vista a eficácia funcional do artefacto, outras que usam linguagens formais e técnicas mais complexas e que adicionam outras dimensões aos objectos, que são também necessárias embora muitas das vezes subjectivas. O cumprimento de uma função por parte de um objecto não tem de resultar sempre na simplificação da sua forma nem na economia de materiais ou mesmo de gestos, quando os manuseamos. A nossa espécie é demasiadamente elaborada e performativa para ser apenas assim, para o bem e para o mal. O que assistimos desde o início da evolução da espécie humana foi a uma proliferação da complexidade material e ao crescente uso de recursos não necessariamente essenciais à produção, motivados por uma sociedade de consumo voraz e viciada na comunicação. Como se a simplicidade fosse aborrecida ou insuficiente. Como se a simplicidade não nos desafiasse.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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