Espaço e sítio: um sítio é mais do que um espaço e está sempre na dependência directa da existência de outras dimensões que nele se somam

Compreender a importância do que é um espaço e um sítio é importante para compreender a natureza humana. Falo do espaço com que lidamos no planeta em que vivemos e que redefinimos desde que existimos. Os espaços podem ser grandes, como um país, ou pequenos, como o interior de um quarto, de um carro ou de uma trincheira; representativos ou omissos, funcionais ou simbólicos. Percepcionamo-los através dos nossos sentidos, podemos construí-los com materiais, mais ou menos fortes, mas também podemos marcá-los através de um aroma, do som ou da luz. Os espaços não são necessariamente sítios, para o serem dependem da atribuição de conteúdos, das memórias, das pessoas e dos seus usos para assim se tornarem. É preciso poder e intenção para esta transformação.

Na semana passada desenhei uma apresentação de um projecto europeu que reuniu 12 países em torno de um projecto que se centra na música clássica. Criámos um sítio dentro do espaço do Jardim de Inverno do Teatro São Luiz que resultou do design de luz, do movimento dos jovens estudantes, do som tocado pelo quarteto de cordas e da imposição de um círculo criado por simples cordas grossas colocadas no chão. Materializou-se para funcionar durante 18 minutos, tempo de se ouvir a obra de Eurico Carrapatoso, e desapareceu de seguida, redesenhando-se depois através das decisões da própria audiência. Um sítio é mais do que um espaço e está sempre na dependência directa da existência de outras dimensões que nele se somam.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.