A busca pelo ato de jejuar ganha espaço nas dietas: enquanto alguns veem no intervalo esticado uma forma de perder peso, outros sentem-se mais ativos com a menor ingestão de calorias, algo que a própria ciência já começa a endossar
Engana-se quem pensa que um cozinheiro passa o dia todo a comer. Pelo menos nas suas folgas, o chefe António Galapito, dos restaurantes Prado e Prado Mercearia, em Lisboa, opta por poucas refeições. “Na maioria das vezes é uma tosta ou um pão com manteiga à tarde e depois janto, e é só”, diz ele. “Como estou sempre a provar os pratos, acho que a minha boca fica um bocadinho enjoada de ter que comer, mastigar. E acabo por fazer menos refeições.” No dia a dia, quase nunca toma o pequeno-almoço: evita até mesmo o cobiçado buffet dos hotéis. Também pode chegar a ficar mais de 14 horas sem ingerir quase nada — “só um café”, para dar energia.
Trata-se de um comportamento que surgiu naturalmente, há cerca de oito anos, quando Galapito ainda andava a cozinhar em Londres. “Não me forço a não comer, é que nem sempre me apetece, acho que pelo contacto excessivo que tenho no trabalho com a comida. Não tenho mesmo tanta fome durante o dia, e prefiro jantar, ou às vezes um almoço mais tardio”, explica. Para o chefe, nunca foi uma questão de saúde, mas concorda que é bom para “limpar um bocadinho o corpo” e que quando fica mais tempo sem ingerir nada, sente-se “mais ativo”. “Já cheguei a ficar 20 horas sem comer nada. Mas só descobri que havia pessoas que buscavam isso como dieta há muito pouco tempo. Eu faço isso há muito, poderia até ser um pioneiro do jejum intermitente”, brinca.
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