Ao fotografarmos outras pessoas, não as estamos a fotografar apenas enquanto elas, mas enquanto nós as vemos e sentimos. É esta característica de eco de nós que a fotografia tem a capacidade de produzir, que torna única cada abordagem a cada tema, a cada pessoa dentro de uma história. É por isso, que esta não é apenas a história de um homem trans.
Esta é também a minha história sobre a história de um homem trans.
Há seis anos conheci o Tomás, de olhos grandes e alegres, falava-me abertamente sobre o seu processo de afirmação de género. A história, contada na primeira pessoa, era de tal forma fascinante que comecei a visualizar, em imagens, na minha cabeça, como seria o quotidiano daquele rapaz que estava à minha frente naquela mesa de café.
Apesar de saber a resposta, perguntei-lhe se o podia fotografar: “Não. Nem pensar. Não estou preparado para me expor”. Seis anos depois voltei a encontrar o Tomás. E nas breves palavras que trocámos percebi imediatamente que ele estava pronto. Foi tácito. Soube às primeiras palavras que a história dele ia ser contada por ele e com ele.
Uma história feita de angústia, de sofrimento, de provações físicas e psicológicas, mas também de serenidade, afirmação, resignação, resiliência, e, por fim, de amor.
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