Ensino

PS defende que educação sobre sexualidade “não é um acessório ideológico” e critica “retrocesso na promoção da saúde”

Última sessão parlamentar antes da pausa para férias, em Lisboa. FOTO TM
Última sessão parlamentar antes da pausa para férias, em Lisboa. FOTO TM
TIAGO MIRANDA

Partido questiona o Governo após retirada de conteúdos sobre sexualidade das aulas de Cidadania

O PS questionou hoje o Governo sobre a eliminação dos conteúdos sobre sexualidade da disciplina de Cidadania e alertou para "um retrocesso na promoção da saúde", considerando que a educação para estes temas "não é um acessório ideológico".

Numa pergunta sobre a eliminação dos conteúdos sobre sexualidade da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento enviada ao ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, hoje divulgada, os deputados socialistas consideram que "a ausência de referências claras à educação sexual nos novos documentos propostos não pode ser encarada como uma simples reformulação curricular".

"Pelo contrário, pode significar um retrocesso na promoção da saúde e bem-estar dos jovens, bem como na prevenção de comportamentos de risco", alertam.

O PS quer saber como é que o Governo "explica não existir uma única menção a conceitos tão fundamentais como métodos contracetivos, ou doenças sexualmente transmissíveis", quando tinha ficado a promessa de que "nenhum tema cairia".

"Considera que o desenvolvimento integral dos alunos/as se pode fazer sem a aquisição dessas aprendizagens", pergunta.

Os deputados socialistas querem que o executivo esclareça como espera cumprir os compromissos internacionais e nacionais que Portugal vem assumindo nestas matérias.

"A educação para a sexualidade não é um acessório ideológico, é um direito reconhecido por organismos internacionais e uma ferramenta essencial para o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes", defende, recordando, em 2009, foi aprovada uma lei que estabelece o regime de aplicação da educação sexual em meio escolar.

Os socialistas referem que ao analisar o documento que se encontra em consulta pública até dia 1 de agosto "nada é referido de forma explícita em relação à sexualidade, em nenhum dos anos de escolaridade, nem sequer no que diz respeito a doenças sexualmente transmissíveis ou à contraceção".

Esta omissão, para o PS "levanta sérias preocupações".

"Ao eliminar qualquer referência explícita à sexualidade, à contraceção ou à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, o senhor ministro da Educação está, na prática, a empurrar para a invisibilidade temas que são cruciais para a formação integral dos jovens", refere.

As matérias relacionadas com a identidade de género vão ficar de fora nas novas Aprendizagens Essenciais para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento por serem demasiado complexas, justificou na segunda-feira o ministro da Educação, Ciência e Inovação.

A nova Estratégia Nacional para a Educação para a Cidadania (ENEC) e as Aprendizagens Essenciais para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento entraram em consulta pública e o novo guião dedica menos atenção a temas como a sexualidade ou bem-estar animal e mais à literacia financeira ou ao empreendedorismo.

Há duas semanas, quando o Ministério anunciou as alterações à disciplina em conferência de imprensa, o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Alexandre Homem Cristo, explicou que, no que respeita aos temas, seria feita uma reestruturação sem que "nenhum fosse deixado cair".

Até agora, a disciplina contava com 17 domínios, incluindo alguns mais polémicos como a igualdade de género ou sexualidade, mas nem todos eram obrigatórios.

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