Numa sala de Educação Visual do Agrupamento Gil Vicente, em Lisboa, cabe a revolta de 120 mil professores. Quarta-feira à tarde, num intervalo entre aulas e reuniões, um grupo de dez marcou encontro à volta de uma mesa comprida, preparado para fazer ressaltar, em maiúsculas garridas, as queixas que são de todos. Dos contratados que carregam a casa às costas, condenados a longos anos de precariedade até conseguirem entrar nos quadros ou dos efetivos impedidos de progredir numa carreira que dizem estrangulada por quotas e à qual, uns e outros, lamentam não ser dado o respeito devido. Munidos de tintas e pincéis, cartolinas, lápis e tesouras, durante duas horas deram corpo, letra a letra, ao descontentamento de uma classe inteira.
Ali, como em tantas outras escolas espalhadas pelo país, grupos de docentes organizaram-se espontaneamente, sem precisar da mobilização dos sindicatos, para criar palavras de ordem e pintar faixas e cartazes que levarão consigo na manifestação de sábado, impelidos por uma vaga de contestação como há anos não se via. “Só a Maria de Lurdes Rodrigues [em 2008] e agora o ministro João Costa conseguiram a proeza de unir todos os professores”, diz Salete Sanches, professora de Francês e uma das principais dinamizadoras do protesto no Agrupamento Gil Vicente.
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