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Coronavírus

“Estava à espera do doente com tosse ou falta de ar, mas não com este cansaço. Caminhar é difícil, tudo é difícil”: as sequelas da covid

“Estava à espera do doente com tosse ou falta de ar, mas não com este cansaço. Caminhar é difícil, tudo é difícil”: as sequelas da covid
Pedro Nunes

Há mais de um ano a acompanhar pessoas que estiveram infetadas, Sandra Braz, médica internista e responsável pela consulta pós-covid criada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, tem boas e más notícias. Nada indica que haverá problemas respiratórios graves no futuro, mas há outras sequelas que permanecem durante mais tempo do que a médica esperava. E que são mais graves também. “As pessoas leem um livro e dizem que chegam ao fim da página e têm de voltar ao início porque já não se lembram do que leram. Perguntam várias vezes a mesma coisa, porque se esqueceram entretanto, ou não se lembram de conversas que tiveram há uma hora. E os familiares nem sempre compreendem isso”

“Estava à espera do doente com tosse ou falta de ar, mas não com este cansaço. Caminhar é difícil, tudo é difícil”: as sequelas da covid

Helena Bento

Jornalista

Mais de um ano depois de terem sido detetados os primeiros casos de infeção por covid-19 em Portugal quase nenhuma consequência do vírus no organismo é uma novidade, mas há ainda algumas que estão por perceber. As dores nos ossos e nas articulações, “de que os doentes se queixam vários meses depois de terem estado infetados”, são um exemplo disso. E apanharam os médicos desprevenidos. “São dores que surgem numa fase em que as pessoas já estavam muito bem e a entrar no seu ritmo de vida normal. De repente, é como se estivessem a regredir”, descreve, em entrevista ao Expresso, Sandra Braz, médica internista e responsável pela consulta pós-covid criada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde acompanha cerca de 100 pessoas. Deixa um aviso: além da “atenção” que tem sido dada ao “tratamento agudo e às vacinas”, é necessário compreender melhor estas consequências do vírus a longo prazo. “Corremos o risco de ter uma população doente e com sequelas que vão sobrecarregar o Serviço Nacional de Saúde. Temos de evitar a todo o custo que isso aconteça.”

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