Coronavírus

Covid-19. Graça Freitas diz que uso de duas máscaras está em estudo e avisa: “Se tiverem um teste rápido negativo, não descontraiam”

Covid-19. Graça Freitas diz que uso de duas máscaras está em estudo e avisa: “Se tiverem um teste rápido negativo, não descontraiam”
ANTÓNIO COTRIM

Numa entrevista ao jornal "Público", a diretora-geral da Saúde prevê que Portugal possa fazer 100 mil testes diários, mas alerta que "um teste não cura". A recomendação de uso de duas máscaras está em estudo e o atraso dos inquéritos epidemiológicos está a ser ultrapassado

A ideia é testar 100 mil pessoas por dia, entre testes rápidos de antigénio e PCR. Para Graça Freitas, a testagem massiva em Portugal não vem com atraso porque as estratégias a utilizar em cada momento "têm a ver com a fase da pandemia em que nos encontramos". A diretora-geral da Saúde, numa longa entrevista ao jornal "Público", encara mesmo a testagem maciça com cautela: "Um teste não dá coisa nenhuma, a não ser um resultado, se estamos ou não positivos, e com uma margem de erro. Um teste não cura, não dá imunidade."

Sem contornar nenhum assunto, Graça Freitas foi revelando o que pensa sobre aquela que vai ser, em breve, a orientação do país no que toca ao combate contra a pandemia. "Quando se faz uma estratégia massificada, tem de se usar testes rápidos. Com isto é importante deixar um alerta às pessoas: se tiverem um teste rápido negativo, não descontraiam", diz. Para os realizar, não será precisa prescrição, uma vez que serão feitos no contexto de rastreio de uma escola ou de uma unidade de saúde. "Isto é uma estratégia de testagem controlada, com registos e regras."

"Já estávamos a fazer esses testes nas escolas. Vai ser retomado e vai ser feito sequencialmente, porque estes rastreios com testes rápidos de antigénio, para serem bastante eficazes, têm de ser repetidos. Porque se deu negativo com uma carga viral baixa, se o repetirmos dentro de duas semanas, já haverá uma carga viral", explica a responsável.

Duas máscaras em ponderação

Graça Freitas admite que a utilização de duas máscaras — com a qual o Centro de Controlo de Doenças norte-americano concorda — está a ser estudada, ainda que a última consulta aos grupos de peritos, há cerca de uma semana, tenha tido como resultado a manutenção da situação atual. "Agora, com a nova decisão do CDC, voltámos a pedir a opinião dos peritos", reconhece.

Em relação às vacinas, a diretora-geral da saúde esclarece que a orientação europeia para a aplicação da vacina da AstraZeneca a maiores de 65 anos é de "precaução até ter mais dados": "A primeira indicação que esta vacina tem é que está aprovada para maiores de 18 anos. Quer dizer que é segura, tem qualidade e provou que as pessoas vacinadas demonstraram que conseguem fabricar anticorpos. Na outra parte deste resumo, a empresa colocou uma advertência: atenção que acima dos 55 e sobretudo acima dos 65 anos temos um número reduzido de pessoas nos ensaios clínicos."

Admitindo que a análise sobre o espaçamento entre doses "está em cima da mesa", Graça Freitas rejeita a possibilidade, considerada pelo Reino Unido, de conjugar duas vacinas de laboratórios diferentes: "A questão da intercambialidade entre doses de marcas diferentes é muito mais complexa. Aqui teremos de ser muito mais cautelosos. Por regra, a menos que os produtores das vacinas digam claramente no resumo que sua vacina que pode ser dada com a de outra companhia, não quebramos essa regra."

Segundo Graça Freitas, "há um um excesso de comunicação sobre o tema" da pandemia, que "não só cansa as pessoas, como leva a que no mesmo dia oiçam três ou quatro mensagens que não são concordantes". "O que acontece é que em todo o mundo, de um modo geral, fala-se demasiado. Como público que assiste a um dia inteiro de notícias, não sei se a pessoa está mais elucidada ou não. Acredita na palavra do senhor Presidente da República, no senhor primeiro-ministro, na senhora ministra da Saúde....", opina.

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