Quando a vacina da Pfizer estiver pronta terá de ser distribuída através de processos de refrigeração bastante caros e complexos, e isso poderá complicar o seu acesso a países com menos condições económicas. O alerta é dado pela Bloomberg, que explica que a empresa chinesa Shanghai Fosun Group China já está a preparar a distribuição da vacina através de um sistema que inclui armazéns de congelamento nos aeroportos, veículos refrigerados e pontos de inoculação por todo o país.
A razão é simples: a vacina da Pfizer precisa de ser acondicionada em frigoríficos com temperaturas entre os 2ºC e os 8ºC durante um período máximo de cinco dias - caso contrário, estraga-se. “A produção [da vacina] é cara, o seu componente é instável, e também requer transporte em cadeia no frio e tem pouco tempo de vida de armazenamento”, garantiu Ding Sheng, diretor do Global Health Drug Discovery Institute, em Pequim.
Por essa razão, a distribuição da vacina poderá ter vários obstáculos para países mais desfavorecidos, sem a capacidade financeira da China para investir em infraestruturas refrigeradoras - incluindo espaços subterrâneos, aponta a Bloomberg. A Pfizer já tem encomendas de países em vias de desenvolvimento como o Peru, Equador e Costa Rica, e ainda não é certo como é que estes países estão a planear a logística de distribuição e aplicação da vacina. Além disso, a empresa está em negociações com o Brasil, Singapura e Filipinas Também a União Europeia já confirmou uma encomenda de mais de 300 milhões de doses.
“A necessidade de extremas temperaturas frias vai provavelmente causar bastante desperdício de doses”, disse Michael Kinch, um especialista em vacinas da Universidade de Washington. A logística será complicada até para países ricos que já encomendaram vacinas, como o Reino Unido, os Estados Unidos e o Japão, nota a Bloomberg. Na Índia o problema também já está a ser debatido, devido às altas temperaturas do país: “A maioria das vacinas precisa de temperaturas abaixo dos 70ºC, algo que não é possível na Índia, esqueçam”, alertou T. Sundararaman, coordenador do People’s Health Movement, em Nova Deli. Apesar do “desafio”, o secretário do Ministério da Saúde, Rajesh Bhushan, garantiu que o país está em posição de “aumentar e reforçar” a sua capacidade de sistemas de refrigeração.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: tsoares@expresso.impresa.pt / tiago.g.soares24@gmail.com