Coronavírus

Covid-19. Costa avisa que o Natal vai mesmo ser diferente e admite diferenciação de medidas nos concelhos de risco

Covid-19. Costa avisa que o Natal vai mesmo ser diferente e admite diferenciação de medidas nos concelhos de risco
TIAGO PETINGA/LUSA

Primeiro-ministro apelou a um “esforço adicional” para conter a pandemia, atualizou o mapa de concelhos de alto risco, assumiu responsabilidades nas falhas de comunicação e foi claro: a regra é ficar em casa. Costa diz ainda que pode justificar-se uma diferenciação de medidas nos 191 concelhos de risco mais elevado, quer se renove ou não o estado de emergência - e por isso pediu à ministra da Saúde que defina uma escala de medidas que devem ser adotadas a partir de 24 de novembro

Covid-19. Costa avisa que o Natal vai mesmo ser diferente e admite diferenciação de medidas nos concelhos de risco

Hélder Gomes

Jornalista

Covid-19. Costa avisa que o Natal vai mesmo ser diferente e admite diferenciação de medidas nos concelhos de risco

Filipe Garcia

Editor-adjunto de Política

Foram quase oito horas de reunião do Conselho de Ministros e, no final, a mensagem não foi a mais animadora. O primeiro-ministro advertiu esta quinta-feira que vai ser preciso um esforço adicional para controlar a pandemia, atualizou o mapa dos concelhos com risco mais elevado, avisou que a regra é ficar em casa e que é preciso defender o Serviço Nacional de Saúde. Sobre o Natal? No melhor dos cenários, disse António Costa, “as famílias têm de se preparar para celebrar o Natal de forma diferente”. “Não vamos poder estar todos juntos e vamos ter de nos repartir. As famílias maiores vão ter de o fazer. Não é possível esse ajuntamento sem risco de transmissão”, acrescentou, sublinhando que “grande parte das contaminações aconteceu nas reuniões de famílias”.

“Compreendo que todos estejamos cansados. Só peço que imaginem o grau de cansaço dos que estão nos hospitais. É isso que espero que compreendam”, declarou. O primeiro-ministro clarificou que agora “a regra é esta: temos de ficar em casa”. Ainda assim, voltou a contemplar exceções: “Se alguém se esqueceu de comprar o leite, as pessoas que tenham de fazer passeios com os animais ou que tenham de fazer um pequeno passeio”. “Mas não se pode transformar uma exceção na regra”, contrapôs.

Desde março que o Governo tem “procurado gerir um equilíbrio entre controlar a pandemia e perturbar o mínimo possível a vida das pessoas”, descreveu Costa, apelando a um “esforço adicional de forma a criar uma dinâmica positiva” na contenção da situação pandémica. “O apoio que temos de dar aos profissionais de saúde que estão na linha da frente é darmos também o nosso melhor”, sintetizou. E lembrou que o Governo é criticado por uns por aplicar medidas tardiamente e por outros por estas serem excessivas.

“A culpa é toda minha. O mensageiro transmitiu mal a mensagem”

Costa não alijou responsabilidades e admitiu falhas na comunicação. “A culpa é toda minha. O mensageiro transmitiu mal a mensagem. E, por isso, a mensagem agora é muito simples: a regra é ficar em casa”, insistiu. “As exceções são todas eliminadas, em particular aquelas que tiveram uma interpretação defeituosa”, disse, não se coibindo, contudo, de apontar o dedo a “alguns sectores de atividade e associações empresariais” e a quem “começa a pensar como contornar estas medidas”. “O que vi foi uma grande incompreensão e, face ao abuso, o que temos de fazer é uma regra clara”, atirou.

No comparativo com a primeira vaga, o chefe do Executivo reafirmou que “a situação é grave e mais crítica”. “Temos a lamentar um número de novos mortos superior à primeira vaga”, referiu, elogiando de caminho o “comportamento cívico exemplar” adotado pelos portugueses. E recordou que as medidas aplicadas na primeira vaga foram “muitíssimo mais duras e a situação era menos grave” do que atualmente.

“Tivemos de chegar ao estado de emergência porque o estado de calamidade não foi suficiente. Quando diferenciamos estes concelhos em função da gravidade antecipamos que os que tiverem uma situação gravíssima vão ter de ter medidas mais apertadas”, justificou Costa. E salientou: “Temos uma responsabilidade fundamental que é salvaguardar a vida das pessoas. Se começamos logo a pensar como é que contornamos as medidas, obviamente acabaremos todos contaminados.”

“É impossível não pensar que vamos ter novo estado de emergência”

Um total de sete concelhos deixam de constar da lista a partir das 00h desta sexta-feira, entrando 77 outros a partir das 00h da próxima segunda-feira. Há agora 191 concelhos considerados de alto risco. O critério para um concelho entrar na ‘lista negra’ é o registo de mais de 240 novos casos de infeção por 100 mil habitantes nas duas últimas semanas. Esta situação é definida como de descontrolo pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças. A exceção vai para surtos localizados – por exemplo em lares – em concelhos de baixa densidade.

Portugal vive desde segunda-feira um novo estado de emergência que vigora até ao dia 23, sendo que a avaliação de uma eventual renovação apenas será feita no próximo Conselho de Ministros. “É impossível não pensar que vamos ter um novo estado de emergência”, afirmou, acrescentando que “os dados estão aí” e insistindo na necessidade de “limitar ao máximo os contactos sociais”. Mas Costa admitiu que a partir daquela data poderá justificar-se uma diferenciação de medidas nos 191 concelhos de risco mais elevado, quer se renove ou não o estado de emergência. “É necessário ajustar as medidas à gravidade específica da situação nestes diferentes concelhos”, clarificou o primeiro-ministro. Nesse sentido, Costa pediu à ministra da Saúde que defina uma escala de medidas que devem ser adotadas a partir de 24 de novembro.

O chefe do Executivo esclareceu que se trata de um esforço temporário. “Quando o Centro Europeu veio ontem dizer que é credível termos a expectativa de que no primeiro semestre possa começar a haver a disponibilidade de uma vacina, este é um esforço para os próximos meses até termos uma vacina”, adiantou. E rematou com uma mensagem positiva: “Não é mudar a nossa vida para todo o sempre.”

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