Coronavírus

Covid-19. Portugal olha para a Austrália como um “grande observatório” do que vai acontecer no inverno, reconhece a DGS

Covid-19. Portugal olha para a Austrália como um “grande observatório” do que vai acontecer no inverno, reconhece a DGS
TIAGO PETINGA/LUSA

Graça Freitas afirma ainda que não há provas de que possa haver reinfeção de pessoas curadas, mas defende que deve, no entanto, manter-se “o princípio da cautela”

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou esta quarta-feira, na habitual conferência de imprensa de atualização do estado da pandemia, que, tal como é feito com outras doenças sazonais, os países do Hemisfério Norte estão a observar o que acontece no Hemisfério Sul para antecipar o que aí vem.

“O grande país de observação é a Austrália, porque é um país desenvolvido em termos de saúde e dos estudos que faz.” Por lá o inverno começou há pouco e o que se vê até agora é que, depois de um abrandamento de novos casos, o país “está a apresentar uma segunda onda que parece ser simétrica à primeira”, explicou.

Para além disso, a responsável salientou que não há provas de que possa ocorrer uma reinfeção de alguém que já tenha tido covid-19, mas que pode haver testes positivos devido à presença de "partículas virais".

"Não há neste momento evidência de que haja reinfeção nem que as pessoas que venham a testar positivo [depois de consideradas curadas] tenham a capacidade de transmitir" a doença, afirmou Graça Freitas.

No entanto, deve manter-se "o princípio da cautela", defendeu, e mesmo depois de dadas como curadas ao fim de dois testes negativos, as pessoas devem "manter as medidas" de precaução para evitar contrair ou transmitir o novo coronavírus, como o uso de máscara, lavagem das mãos ou etiqueta respiratória.

Sem "prova inequívoca desse fenómeno da reinfeção", o que se sabe é que há pessoas que podem "ter um teste positivo, mas isso não significa nem que estejam reinfetadas, doentes ou possam transmitir", mas que "na sua área respiratória inferior existem partículas virais que dão positivo no teste que as detete", referiu.

"Mas isso não quer dizer que sejam partículas viáveis do vírus que são capazes de provocar outra vez a doença ao próprio ou a outras pessoas", reforçou.

Em relação à imunidade adquirida por pessoas que tenham recuperado da covid-19, Graça Freitas referiu que "não se sabe a duração" dos anticorpos encontrados no organismo nem qual a real capacidade que têm de proteger, indicando também que há outro mecanismo imunitário, as chamadas 'células T", que pode desencadear alguma imunidade mesmo sem presença de anticorpos.

Testes em Portugal têm controlo de qualidade

Graça Freitas afirmou que o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge está a fazer testes serológicos - que medem a presença de anticorpos para o SARS-CoV-2 - e que já tem um programa de mais testes supletivos para avaliar a imunidade criada pelo contacto com o vírus.

A diretora-geral da Saúde afirmou que os testes de diagnóstico usados em Portugal seguem um programa de controlo de qualidade feito por "instituições idóneas" e que os laboratórios licenciados que os realizam também fazem esse controlo.

"Todos os testes têm uma sensibilidade e uma especificidade que não é de 100%", havendo que "contar com uma margem de falsos negativos e positivos, e por isso é que se repetem quando se justifica", apontou.

Além disso, a realização de testes "tem que ser observada com muito cuidado e muita cautela por médicos, epidemiologistas e outros profissionais de saúde" porque "não são situações de preto ou branco e há muitas variações com as quais se tem de contar", destacou.

Portugal contabiliza pelo menos 1.676 mortos associados à covid-19 em 47.426 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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