Coronavírus

Santos Silva quer que os britânicos corrijam “rapidamente” a exclusão de Portugal e ironiza: “Tiro-lhe o meu chapéu se compreender isto”

Santos Silva quer que os britânicos corrijam “rapidamente” a exclusão de Portugal e ironiza: “Tiro-lhe o meu chapéu se compreender isto”
RODRIGO ANTUNES/LUSA

Portugal está fora do “corredor aéreo” com o Reino Unido. Turistas britânicos vão ter de fazer quarentena no regresso a casa. Ministro dos Negócios Estrangeiros não só não compreende a divulgação de “duas listas” por parte das autoridades britânicas com indicações diferentes relativas à Madeira e aos Açores como não entende, no seu todo, a decisão de excluir Portugal da lista de países isentos de quarentena: “Os países que são amigos tratam-se de outra maneira“

Santos Silva quer que os britânicos corrijam “rapidamente” a exclusão de Portugal e ironiza: “Tiro-lhe o meu chapéu se compreender isto”

Helena Bento

Jornalista

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou, em declarações esta sexta-feira, não compreender a decisão do Reino Unido de excluir Portugal dos países isentos de quarentena. Tanto porque o Reino Unido “tem, neste momento, 28 vezes mais óbitos acumulados do que Portugal e tem registados sete vezes mais casos relativos a covid-19”. O ministro diz ainda que está intrigado pela forma como os britânicos ainda não foram capazes, no seu entender, de explicar se as regiões da Madeira e dos Açores também estão excluídos dessa lista.

“Esse é um elemento adicional de absurdo, introduzido por responsabilidade das autoridades britânicas. Foram publicadas duas listas. O que foi dito ao Governo português foi que a Madeira e os Açores passam a ser considerados destinos seguros mas os passageiros que viajarem para lá continuam sujeitos a quarentena.” Depois, dirigindo-se em específico ao jornalistas que o tinha questionado sobre o assunto, disse: “Se conseguir compreender isto, tiro-lhe o meu chapéu”.

O ministro sublinhou ainda que a decisão é “profundamente injusta”. “Somos aliados desde o final do séc. XIV e naturalmente há altos e baixos nas relações mas não seria hipócrita ao ponto de dizer que isto é um ponto alto. Os países amigos tratam-se de outra maneira.”

Augusto Santos Silva espera que a decisão “seja corrigida o mais depressa possível”, garantindo que “Portugal continua disponível para fornecer toda a informação, de forma transparente, sobre a situação epidemiológica em Portugal”. “Esperamos que, da próxima vez, as autoridades inglesas estejam mais bem informadas.”

Numa nota publicada na sua página oficial, o Ministério dos Transportes britânico excluiu Portugal dos “corredores de viagem internacionais” com destinos turísticos que o Reino Unido vai abrir para permitir aos britânicos passarem férias sem cumprir quarentena no regresso. Inicialmente foi publicada uma lista que incluía a Madeira e os Açores como destinos "seguros" mas entretanto a informação foi corrigida numa segunda lista e ambas as ilhas foram excluídas, tal como o resto do continente.

O ministro dos Negócios Estrangeiros já sabia que tal anúncio seria feito mas, em declarações esta sexta-feira aos jornalistas, afirmou continuar “surpreendido”. “Tecnicamente, trata-se de uma decisão absurda. O Reino Unido tem, neste momento, 28 vezes mais óbitos acumulados do que Portugal e registados sete vezes mais casos relativos a covid-19 do que nós. É absurdo que seja o país com piores indicadores em matéria de pandemia a impor quarentena a passageiros de um país como melhores indicadores.”

Segundo Augusto Santos Silva, o critério utilizado para excluir Portugal da lista de países isentos de quarentena foi o número de novos casos nos últimos 14 dias, critério este “que não deve ser usado isoladamente, como toda a gente sabe”. “Se fosse usado isoladamente, o Reino Unido teria aberto hoje as suas fronteiras à Coreia do Norte e acabado com a quarentena, que não registou nenhum caso de infeção nos últimos dias. Todos nós percebemos o absurdo desta situação.”

Além disso, afirmou, medidas como a imposição de quarentena “não são as mais eficazes para evitar a propagação do vírus”. “Em Portugal nós não tratamos as pessoas, designadamente as que são oriundas de países da UE ou outros países próximos, como se fossem, por definição, suspeitas.”

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