Covid-19. Portugueses dão nota positiva à atuação das farmácias durante a pandemia

Inquérito realizado em maio revela que a resposta do sector às necessidades da população, durante o surto de covid-19, superou as expectativas
Inquérito realizado em maio revela que a resposta do sector às necessidades da população, durante o surto de covid-19, superou as expectativas
Jornalista
O desempenho do sector das farmácias durante o atual surto de covid-19 merece a avaliação positiva por parte dos portugueses, segundo um inquérito feito pela empresa de estudos de mercado Spirituc, a pedido da Associação Nacional das Farmácias (ANF). Na análise dos dados obtidos é dito que “as expectativas que os portugueses tinham na atuação das Farmácias (durante este período de pandemia) não saíram de todo goradas”, já que “70% dos inquiridos assumem mesmo que viu as suas expectativas serem superadas”.
Um dos serviços mais valorizados pelos inquiridos foi a possibilidade dos doentes terem disponíveis na sua farmácia os medicamentos dos hospitais de que necessitam sem terem que se deslocar às respetivas unidades de saúde. A Operação Luz Verde tem permitido que os pacientes oncológicos ou portadores de HIV, entre outras doenças crónicas, não saiam sequer de casa já que em muitos casos, as farmácias levam os fármacos a casa. Trata-se de um serviço gratuito para os utentes e para os hospitais, que no atual contexto de pandemia de covid-19, pretende garantir a continuidade dos tratamentos dos doentes, minimizando o risco de infeção de indivíduos muitas vezes já fragilizados – tem o apoio institucional das Ordens dos Farmacêuticos e dos Médicos e o envolvimento das associações sectoriais.
“A recetividade (e reconhecimento da importância) da Operação Luz Verde por parte dos inquiridos é inquestionável”, menciona a análise ao estudo de satisfação intitulado 'A farmácia comunitária em tempos de covid-19', frisando que cerca de 90% dos inquiridos consideraram que “é muito importante a disponibilização de um serviço com estas características”.
Além disso, os utentes questionados mostram “níveis de satisfação nas suas deslocações à farmácia muito elevados” que são traduzidos nas altas pontuações atribuídas a diferentes parâmetros, como a higiene e segurança (84% deram, em média, uma cotação de 8,67 a este critério numa escala de 1 a 10), bem como à confiança no farmacêutico e ao conhecimento destes profissionais sobre a covid-19.
Aliás, na opinião dos inquiridos as farmácias são, de entre os diferentes agentes de saúde (onde se incluem centros de saúde, consultórios, hospitais públicos e privados, bem como parafarmácias), o local que “indiscutivelmente transmite uma maior sensação de segurança aos cidadãos”. Perto de 3/4 dos participantes no estudo referiram sentir-se muito seguros sempre que têm que se deslocar a uma farmácia, “contrastando claramente com qualquer uma das restantes instituições/locais avaliados onde essa sensação não vai além dos 40%”.
Durante este período de pandemia, o sector registou a evolução mais positiva em termos de imagem pelo trabalho desenvolvido, com perto de 60% dos portugueses a apontarem que foi expressiva a melhoria da sua perceção das farmácias, contra “apenas 2,4% que têm opinião oposta”.
Por outro lado, mais de metade dos inquiridos (52%) reconheceu ter diminuído o número deslocações à farmácia durante este período, com 9,4% a afirmarem que deixaram de ir. “Se é verdade que 42,6% apenas não foram porque não necessitaram – cerca de 1/4 pode contar com o apoio de terceiros para o efeito – é preocupante o facto de 17,4% (92 indivíduos) terem reconhecido que preferiram adiar (ou mesmo cancelar) a compra dos medicamentos que deviam [comprar]”.
Para aferir a perceção dos utentes foram realizados 1009 inquéritos online através de sistema CAWI (Computer Assisted Web Interview), a amostra foi estratificada por género, idade e região de residência e teve por referência os dados Instituto Nacional de Estatística. A margem de erro é de ± 3,09% para um intervalo de confiança de 95% e o processo de recolha dos dados decorreu entre os dias 20 e 26 de Maio de 2020. A maioria dos inquiridos foram mulheres (57,2%), com mais de 64 anos (41%), no ativo (58%), residentes em Lisboa e Vale do Tejo (45,1%), com estudos superiores (50,7%), um rendimento entre os 751 euros e os 1350 euros (26,4%) e cujo agregado familiar é composto por duas pessoas (34,8%).
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