O medo fez sempre parte da estratégia. Era mais fácil controlar um povo dando-lhe pouco mais do que o desconhecido. Contrapondo os seus desejos (mais ou menos carnais) a um bem maior que prometia elevação. Temperança, generosidade, castidade, paciência, caridade, diligência e humildade. Virtudes que se opunham à gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e soberba, que conspurcavam as gentes. Aproveitados como pecados pela Igreja Católica, a partir de crenças até anteriores ao próprio catolicismo, ajudavam a mostrar a cada um que podia fazer a sua parte em benefício de um bem maior. Uma solução que tanta falta faz no presente, onde novas vozes dão sinais confusos sobre o tempo que se viverá.
“Faça a sua parte no combate à covid-19 com apenas dois simples passos!”, ouve-se uma voz feminina e reconfortante dizer, mas o que propõe tem tanto de fantástico como de distópico. É um serviço controlado e disponibilizado pelo Governo de Singapura que é oferecido aos cidadãos para saberem se estão em segurança ou se correm perigo de infeção pelo novo coronavírus. Qual simulação do 'Olho de Deus' pintado por Bosch na “Mesa dos Pecados Capitais”, aqui transformado em Big Brother que tudo controla. Mas será mesmo preciso vender a liberdade a uma aplicação móvel para garantir a saúde?
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