FMI prevê défice de 7,1% do PIB em 2020

O défice deverá regressar às contas portuguesas com um disparo para 7,1% este ano, mas cairá para 1,9% no ano seguinte, segundo a atualização da base de dados do FMI realizada esta quarta-feira
O défice deverá regressar às contas portuguesas com um disparo para 7,1% este ano, mas cairá para 1,9% no ano seguinte, segundo a atualização da base de dados do FMI realizada esta quarta-feira
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Jornalista infográfico
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o défice orçamental em 2020 chegue aos 7,1% do Produto Interno Bruto (PIB), na sequência das medidas de combate à covid-19.
Mas cairá para 1,9% no ano seguinte, o que antevê uma consolidação orçamental de mais de 5 pontos percentuais, a mais elevada entre os periféricos e as economias com mais alto nível de endividamento público na zona euro (incluindo Bélgica, Espanha, França, Grécia, Irlanda e Itália, além de Portugal).
A atualização da base de dados do FMI realizada esta quarta-feira antecipa as previsões sobre os saldos orçamentais para 2020 e 2021 que o Fiscal Monitor, o relatório do Fundo sobre a situação das contas públicas, vai divulgar pelas 13h30 (hora de Portugal).
A base de dados do FMI ainda não disponibiliza a atualização das previsões dos níveis de endividamento.
Depois de um excedente orçamental em 2019 (estimado em 0,2% do PIB), Mário Centeno vai ter de lidar, este ano, com um disparo no défice, que regressa praticamente ao nível de 2014 (quando atingiu 7,4% do PIB).
No entanto, o défice em 2020 ficará abaixo da média da zona euro (7,5% do PIB) e será inferior aos saldos negativos de Espanha (que vai liderar o grupo dos periféricos com um défice de 9,5%), Grécia (8,9%), Bélgica (8,9%) e Itália (8,3%).
Apesar da previsão de uma contração de 8% do PIB português em 2020, apontando para a pior recessão em quase 100 anos, o défice ficará abaixo dos dois dígitos do PIB atingidos em 1981 (12,5%), 1984 (10,2%), 1985 (10,3%), 1986 (10,4%) e 2010 (11,45%).
Em 2021, o défice português será o segundo mais baixo no grupo dos periféricos e ficará claramente abaixo da média da zona euro (3,6%). Só a Irlanda registará um saldo negativo inferior, de 0,8% do PIB.
O Fiscal Monitor será apresentado esta quarta-feira por Vítor Gaspar, o ex-ministro das Finanças português que coordena, desde junho de 2014, este relatório, estando à frente do Departamento de Assuntos Orçamentais do Fundo.
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