Se dúvidas houvesse, esta quinta-feira esclareceu-as: o terceiro período será como nunca o vimos. Com aulas à distância para os alunos do 1º ao 10º anos, talvez presenciais algures a partir de maio, se a evolução da pandemia em Portugal o permitir. Esta quinta-feira decidiu-se o possível: apesar de a curva da infeção ter sido aplanada, o Governo entende que, face à informação das autoridades de saúde, não há condições para avançar um dia ou uma semana para o regresso dos alunos à escola, tendo já sido decidido que o Ensino Básico continuará com aulas à distância até ao final do ano letivo.
A curva aplanou, mas os números continuam a crescer. Há mais 29 mortos a registar em Portugal nas últimas 24h00, aumentando o total de óbitos para 409, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS). Nas últimas 24 horas, nove pessoas recuperaram em ambiente hospitalar e mais 815 viram confirmados testes positivos à covid-19. No total, há agora 13.956 infetados, 409 mortos e 205 recuperados. A taxa de crescimento dos infetados é de 6,2%, superior à de ontem, que foi de 5,6%. Ainda assim, abaixo dos dois dígitos. É o Norte que continua a preocupar.
Hoje foi também o primeiro dos cinco dias da operação “Páscoa em Casa”, uma ação conjunta de PSP e GNR para garantir o cumprimento das regras mais apertadas de circulação. Entre outras restrições está a impossibilidade de viajar de um concelho para outro. Se ainda não atualizou a sua morada fiscal e precisa de mudar de concelho, siga este link. E se o tempo de liberdade condicionada já parece longo, saiba que os portugueses acreditam que ele não acaba tão cedo.
Na política, o dia foi marcado pela promulgação da lei que permite a libertação de alguns presos — Marcelo fê-lo com algumas dúvidas —, das ainda maiores dúvidas que Rui Rio tem sobre um bloco central, mesmo em estado de emergência — “é sempre uma solução um bocado contra-natura” — e pelo pedido de desculpas de António Costa. O primeiro-ministro, ao anunciar o futuro imediato das escolas, não resistiu ao impulso de apertar a mão ao ministro da Educação. Depois explicou o que devia ter feito.
Na área da cultura, depois de muitos protestos, o TV Fest foi cancelado. Estava projetado para ser um festival de concertos dados a partir de casa, apoiado pelo Ministério da Cultura, que nele gastaria um milhão de euros. Já não vai gastar.
O Governo tem gasto dinheiro com material de proteção e desinfeção nos hospitais, o que não é gastar, mas investir. E quando algo falta, a sociedade civil reage. O Hospital de Santo António pôs mãos à obra e começou a produzir gel desinfetante. Um grupo de centenas de costureiras está a coser cógulas e perneiras para hospitais de todo o país.
Por fim, a notícia que chegou primeiro, ainda de manhã. Mesmo que não pareça, a demissão do diretor do Serviço de Cirurgia Geral e Transplantação do Hospital Curry Cabral, Américo Martins, tem tudo a ver com a pandemia de covid-19. E é uma das notícias do dia.
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