Covid-19. Rui Rio descarta Bloco Central: “É sempre uma solução um bocado contra-natura”
O líder do PSD não quer antecipar cenários, mas vai dizendo que um bloco central é improvável mesmo num cenário de salvação nacional
O líder do PSD não quer antecipar cenários, mas vai dizendo que um bloco central é improvável mesmo num cenário de salvação nacional
Jornalista
Rui Rio entende que o futuro do xadrez político nacional dificilmente passará por um Governo de Bloco Central. Foi isso mesmo que disse em entrevista à SIC, quando confrontado com a resposta à crise económica depois de superada a crise sanitária: “[Bloco Central?] É sempre uma solução um bocado contra-natura e será também numa circunstância dessas”, disse o líder social-democrata.
Um cenário, de resto, avançado pelo Expresso a 28 de março, quando titulou “Rio (e Marcelo) descarta bloco central mesmo em emergência”. Um dia depois, o líder social-democrata deu uma entrevista à RTP onde disse que o país teria, no futuro, “debater a composição de um governo de salvação nacional”.
A frase foi por muitos interpretada como uma predisposição para fazer um governo com os socialistas. Rio explicou hoje, à SIC, o que queria de facto dizer. “Há uma confusão: não estou a pensar em formas de Governo. Estou a pensar na palavra portuguesa salvação”, esclareceu, constatando que qualquer Governo, “seja ele qual for”, terá de salvar o país face à crise económica e financeira que se antecipa.
Neste período, frisou o líder do PSD, o partido vai colaborar de perto com António Costa. Rio está disposto a aprovar o Orçamento suplementar e a analisar os futuros Orçamentos, mas deixa um aviso: “O PS não pode apresentar o Orçamento que bem entende que o PSD está às ordens”. Algo que o Expresso também antecipava nesse artigo de 28 de março: Rui Rio dificilmente aceitará uma aliança com o António Costa sem contrapartidas.
E que contrapartidas serão essas? O líder do PSD ainda não abre o jogo até porque é preciso perceber exatamente o impacto da pandemia nas contas públicas, algo que só será possível em maio ou junho, altura em que os sociais-democratas pretendem apresentar as suas propostas. Para já, Rio permitiu-se falar de reformas no “quadro fiscal” para incentivar a retoma económica. O social-democrata entende que será indispensável para relançar o país; resta saber se António Costa o aceitará.
Para Rio, a disponibilidade do PS é indiferente. O PSD fará sempre a sua parte. A esse propósito, o líder social-democrata fez questão de recordar que os socialistas rejeitaram todas as propostas do PSD no Parlamento apesar de o partido de Rio ter aprovado propostas do Governo e ter impedido que a oposição fizesse aprovar medidas que colocavam em causa a estratégia definida pelo socialistas. “Acha que vou atacar o PS por isso? Isto não é para estados de alma”, disse.
Estados de alma é tudo o que Rio não quer que contamine a discussão política e a resposta à crise. “Não estou aqui para criar dificuldades ao país apenas para criar criar dificuldades ao Governo. Eu não estou a colaborar com o PS. Estou a cooperar com o Governo de Portugal em nome de Portugal” rematou.
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