A pandemia é um assunto omnipresente no quotidiano dos alunos que frequentam o ensino básico e secundário, quer nas conversas com a família como com os amigos. Quanto mais elevado é o nível de ensino, mais a questão é discutida com os colegas, tema já abordado entre os estudantes antes do encerramento das escolas, segundo um inquérito efetuado pelo Observatório de Políticas de Educação e Ciência, em colaboração com o Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CeiED), as universidades de Coimbra e Lusófona.
Na avaliação do impacto da covid-19 no sistema de ensino português, conclui-se que a esmagadora maioria dos alunos menores de 16 anos - 97,6% dos inquiridos a frequentarem a escola pública - estão “preocupados ou muito preocupados” com a pandemia, enquanto menos de 20% estão pouco ou nada preocupados. Os alunos do 9.º ano, presumivelmente devido aos exames de final de ciclo, são os que manifestam um nível de apreensão acima dos 90%, face aos eventuais efeitos das aulas à distância nas avaliações e na possibilidade de escolha da escola que irão frequentar no secundário.
Um quinto dos alunos já fizeram um trabalho escolar sobre a pandemia e três quartos confessam preferir estudar na escola , sendo a razão mais invocada as “saudades dos amigos/colegas”, também extensiva aos professores, além de terem a noção que têm mais facilidade de aprendizagem na sala de aula. Nas queixas, a mais nomeada entre os estudantes é a diversidade de plataformas que estão a ser usadas no ensino à distância, preferindo que os conteúdos letivos fossem canalizados para uma única plataforma digital.
A maioria dos alunos respondem que já foram ajudados durante o ensino em casa, 62,2% a Português, 70,4% a Matemática, sobretudo pela mãe, a seguir pelo pai e finalmente por colegas. Dois terços dos estudantes, tem a perceção que a carga de trabalho era maior na escola do que em casa, declarando 75,1% que consegue realizar todos os trabalhos enviados pelos professores. Cerca de 20% não estão preocupados com as avaliações de final de ano.
O WhatsApp é de longe o meio mais utilizado para falarem diariamente com os colegas. Cerca de 70% consideram que aguentam o tempo que for preciso as aulas em casa e cerca de metade dos alunos tem procurado fazer exercício físico em casa pelo menos três vezes por semana. Só 10% dos que praticavam regularmente uma modalidade desportiva fora da escola deixaram de fazer exercício em confinamento social.
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