Coronavírus

Nova suspensão de dividendo: acionistas do Santander não recebem €1,7 mil milhões já este ano

Ana Botín, presidente executiva do Banco Santander
Ana Botín, presidente executiva do Banco Santander
Eloy Alonso

O banco espanhol tinha já decidido que só iria pagar os dividendos de 2020 em maio do próximo ano (sem dar a remuneração complementar em novembro). Só que iria pagar também o dividendo de 2019 no próximo mês de maio. Afinal, já não vai, para cumprir a recomendação do BCE. A decisão foi tomada um dia antes da assembleia-geral, que iria ocorrer esta sexta-feira

Nova suspensão de dividendo: acionistas do Santander não recebem €1,7 mil milhões já este ano

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O Santander não sabe se vai pagar os dividendos de 2020, mas é certo que não vai pagar os de 2019. Pelo menos, para já. Para respeitar a recomendação do Banco Central Europeu (BCE), o banco liderado por Ana Botín não vai distribuir remuneração pelos seus acionistas no próximo mês de maio, como esperava. A decisão tira cerca de 1,7 mil milhões de euros aos acionistas do banco espanhol.

A 23 de março, no dia em que revelou que Ana Botín ia abdicar de uma parte do seu salário, o Santander já tinha anunciado que, em relação ao dividendo relativo ao exercício de 2020, não iria fazer dois pagamentos, o complementar, em novembro, e o final, em maio de 2021. Iria fazê-lo apenas em maio de 2021. O valor só seria proposto quando conhecido o impacto da pandemia de covid-19.

O Santander iria, contudo, pagar os dividendos relativos às contas de 2019, o que seria oficializado na assembleia-geral marcada para esta sexta-feira, 3 de março. Não vai acontecer.

Dias depois de o Santander anunciar estas intenções, o Banco Central Europeu fez uma recomendação aos bancos por si supervisionados, os maiores bancos europeus (onde se inclui o espanhol Santander e os portugueses Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português e Novo Banco), para não pagarem dividendos, de todo. E que, quem já tinha marcado assembleias-gerais, deveria revê-las.

“Tomando em consideração as recomendação do BCE em linha com a missão do banco de ajudar pessoas e empresas a progredir, o conselho de administração do banco decidiu cancelar o pagamento de dividendo complementar de 2019 assim como a política de dividendo de 2020”, indica o comunicado ao regulador espanhol do mercado de capitais (CNMV).

Assim, o banco não pagará cerca de 1,7 mil milhões de euros em dividendos (já tinha pago uma parte idêntica em novembro, e iria fazer o segundo pagamento agora, em maio, após a aprovação nesta assembleia-geral). Mas os acionistas ainda podem ter esperanças.

Este dinheiro, que seria pago em dividendos deste ano será enviado para reservas, “sem prejuízo de que, eventualmente, se possa decidir”, na próxima assembleia-geral, propor uma “distribuição aos acionistas depois de uma reavaliação da situação quando as incertezas causadas pela crise da covid-19 desaparecerem”.

Além disso, continua a dúvida sobre o que vai acontecer aos dividendos do próximo ano. O banco revê a política de dividendos: “a intenção da administração é, agora, não propor a distribuição de dividendos aos acionistas até que exista uma maior visibilidade sobre os efeitos da crise da covid-19 e que se conheçam os resultados do exercício de 2020”.

Em Portugal, o Santander Totta paga dividendos à casa-mãe espanhola, sendo que é provável que este ano possa não fazê-lo. Tanto o BCP como a CGD, que são supervisionados pelo BCE, já anunciaram que não iriam pagar dividendos. O BPI mantém a intenção de fazer o pagamento ao CaixaBank.

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