Balas, bastões, humilhações públicas: estes são alguns dos instrumentos usados por governos em diversos países do mundo para impedir os cidadãos de circular na rua. Ao contrário do que acontece nos países ocidentais, onde o pior que pode acontecer a quem desobedece à quarentena é uma multa, em países menos desenvolvidos ou com uma tradição democrática mais precária a violência está a ser usada diariamente.
Na Índia, onde o governo ordenou a reclusão quase total dos 1,3 mil milhões de cidadãos do país - com excepções para os que exercem atividades consideradas essenciais -, muitos dos que ficaram sem meios de sobrevivência de um momento para o outro andam pelas ruas ou procuram regressar às terras de onde vieram, sujeitando-se a serem alvo de violência.
A polícia agride-os com canas ou com bastões de madeira (um vídeo mostrava um polícia a borrifar esses bastões com desinfetante), e um ministro-chefe de um estado, o de Telangana, chegou a ameaçou disparar sobre os incumpridores.
Em países africanos como o Senegal, o Quénia e África do Sul, a polícia tem sido vista a bater ou mesmo a chicotear pessoas, bem como a submetê-las a cenas humilhantes - por exemplo, obrigando-as a fazer flexões ou a rolar no solo. No Ruanda, a polícia abateu dois homens que se recusaram a obedecer às ordens de reclusão.
No Paraguai, vídeos de práticas humilhantes foram colocados na internet, levando o ministro do Interior a elogiar a criatividade da polícia. Tal como noutros países pobres, muitas pessoas em situação económica extremamente precária têm de escolher entre arriscar a sua integridade física quando saem de casa ou passar fome.
As Filipinas são outro país onde imagens na mesma linha têm chocado os cidadãos. Além de espancamentos e de táticas humilhantes, há pelo menos um caso de jovens que violaram a quarentena e foram fechadas em jaulas para cães. O responsável foi formalmente acusado de violar normas de proteção das crianças, mas a violência continua contra muitos outros.
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