Eram dezenas de projetos, vindos de quase todas as bancadas partidárias, com dois objetivos comuns: limitar os impactos negativos do surto de Covid-19 em Portugal e reforçar os meios que o país tem para o combater. A votação dos muitos pacotes e planos de resposta urgente à pandemia aconteceria já esta quinta-feira - o mesmo dia em que se votará o prolongamento do estado de emergência -, mas acabou adiada na conferência de líderes desta quarta-feira, numa decisão proposta por PS e PSD, apoiada por CDS e Chega.
Com toda a restante iniciativa política suspensa, este é o único assunto em que os partidos estão focados, mas a direita argumenta que o funcionamento do Parlamento já deveria estar há muito reduzido a mínimos (e o PS teme o impacto das medidas nas contas).
Se a indefinição das votações (até este momento, sobretudo por PSD e PS não indicarem sentidos de voto) não permite fazer muito mais do que a contabilidade dos projetos apresentados, também já é possível retirar algumas conclusões. Há dossiês em que o entendimento está quase alcançado, faltando o acordo de uma bancada (que pode ser do PS ou do PSD): como o Expresso noticiou esta semana, é o caso do apoio financeiro para os pais que tenham de ficar em casa durante as férias da Páscoa, medida com que quase todos os partidos da oposição concordam - se o PSD der o seu aval, o Governo será forçado a atribuir o apoio. Os sociais-democratas, todavia, não apresentaram propostas por entenderem que neste momento a iniciativa pertence ao Governo.
Ainda é uma incógnita se haverá acordo para estender os apoios dados aos trabalhadores e aos sócios gerentes de pequenas empresas. Observando à lupa as propostas dos partidos, constata-se que há alguns pontos de entendimento esquerda-direita: tanto Bloco de Esquerda como PCP mas também CDS apresentaram propostas para impedir que os serviços essenciais (água, luz, gás) sejam cortados nesta altura de emergência. Parte delas não agradará ao Governo, já que António Costa dizia esta quinta-feira que, ainda que "bem intencionadas", muitas das medidas não serão comportáveis para o país. Mas a lista de propostas é muito mais extensa.
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