Coronavírus

Covid-19. Santander em Portugal também vai cortar salários na administração (mas ainda não revela quanto)

Pedro Castro e Almeida, presidente executivo do Santander em Portugal
Pedro Castro e Almeida, presidente executivo do Santander em Portugal
Nuno Fox

Com um salário de milhões, Ana Botín pôs em cima da mesa a redução salarial para mostrar o compromisso no combate à covid-19. Em Portugal, o Santander seguirá os passos da presidente espanhola. Os restantes bancos ainda não tomaram decisão.

Covid-19. Santander em Portugal também vai cortar salários na administração (mas ainda não revela quanto)

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Covid-19. Santander em Portugal também vai cortar salários na administração (mas ainda não revela quanto)

Isabel Vicente

Jornalista

O Santander em Portugal vai seguir o exemplo de Ana Botín em relação à redução das remunerações recebidas pela administração. No entanto, para já, ainda não há valores. Outros bancos portugueses, como o Novo Banco, BPI e o Crédito Agrícola, assumem que o tema não foi discutido em administração. Já a CGD, o BCP e o Banco Montepio não responderam.

“Quanto à redução das retribuições no Santander Portugal, não deixaremos de seguir o exemplo dado pela presidente Ana Botín, no quadro das dificuldades inerentes à pandemia Convid19, embora de momento ainda não possamos quantificar esses valores”, diz ao Expresso a assessoria de imprensa do banco.

Como forma de se posicionar no combate à pandemia, a presidente do grupo Santander decidiu cortar o seu salário a metade (a remuneração em 2019 foi de 3,2 milhões de euros, a que se somam ainda mais de 5,5 milhões de prémios e ainda 700 mil euros de contribuição para o fundo de pensões), bem como o presidente executivo do banco, José Antonio Álvarez (salário fixo de 2,5 milhões), tendo havido ainda uma diminuição de 20% das remunerações dos administradores não executivos.

Não sendo ainda público o relatório e contas de 2019, não se sabe qual o valor que foi pago em remunerações à administração do português Santander Totta no ano passado, ano em que Pedro Castro e Almeida subiu a presidente executivo da instituição. Em 2018, só em remunerações fixas, os membros da administração auferiram 4,6 milhões de euros, a que se somava uma remuneração variável de 1,5 milhões em dinheiro e 1,4 milhões em ações do espanhol Banco Santander que ficaram retidos por um ano (além disto, houve valores a receber de prémios de anos anteriores).

Pedro Castro e Almeida, que subiu a CEO no ano passado, contava com uma remuneração fixa anual de 350 mil euros em 2018, e assegurou 214 mil euros variáveis por prémio de desempenho em 2018 (ainda que o pagamento seja diferido) e 199 mil em ações do Santander.

O banco ressalva, na resposta que dá ao Expresso, que, além da questão do salário da cúpula, também não vai utilizar a figura de lay-off simplificado.

Administrações sem discussão, por agora

Dos restantes bancos que responderam ao Expresso, alguns disseram que os conselhos de administração ainda não discutiram o tema, como são os casos do BPI e do Crédito Agrícola. No caso do BPI, houve já um sinal vindo do seu acionista único, o CaixaBank, em que o presidente Gonzalo Gortázar (também administrador do banco português) abdicou do prémio deste ano.

No BPI, a remuneração fixa da administração ascendeu a 5,9 milhões de euros em 2018, com Fernando Ulrich, presidente não executivo, com uma remuneração anual de 750 mil euros e o presidente executivo, Pablo Forero, de 944 mil. Não se sabe o valor variável que ficou então definido, mas, no ano anterior, tinha sido de 1,4 milhões.

No Crédito Agrícola, o presidente Licínio Pina auferiu um salário de 465 mil euros, com um prémio de 96 mil euros em 2018.

Novo Banco não publicita mas sublinha exceção

O Novo Banco também adianta que “o assunto ainda não foi discutido internamente e nunca será nem discutido publicamente nem publicitado”. Há apenas uma ressalva: “Público é apenas que as remunerações no Novo Banco já estão sujeitas a um tecto de 10 vezes a remuneração média em vigor no banco”.

A administração (conselho executivo e conselho superior) recebeu 2,6 milhões de euros em remunerações, sendo que o salário fixo do líder, António Ramalho, é de 382 mil euros.

Nem a Caixa Geral de Depósitos nem o Banco Comercial Português nem o Banco Montepio responderam ao contacto do Expresso, numa altura em que os bancos têm um papel determinante na chegada das ajudas aos portugueses (nomeadamente porque são eles que operacionalizam as linhas de crédito às empresas e que concedem as moratórias nos créditos aos clientes).

Na Caixa, a administração recebeu praticamente 3 milhões de euros de salário fixo, somados aos 1,3 milhões de remuneração variável (Macedo auferiu 423 mil euros e 224 mil de prémio), em 2018.

O Banco Montepio, que gastou 1,5 milhões a rescindir com a equipa anterior, pagou quase 3 milhões em remunerações às administrações que estiveram em funções em 2018.

BCP paga 4,9 milhões só em salários em 2019

No BCP - e aí já há dados de 2019 (o relatório e contas foi revelado este fim-de-semana) -, o conselho de administração recebeu 4,9 milhões de euros, acrescendo ainda 536 mil euros de remuneração variável em dinheiro (metade será diferida e paga só nos próximos anos) e 210 mil euros em ações.

Miguel Maya, o presidente executivo, auferiu um salário fixo de 650 mil euros, 56 mil euros em prémio e 44 mil em ações. Nuno Amado, que lidera a administração, 690 mil euros.

A comparação com o ano anterior é limitada já que, em 2018, foi o ano em que houve a mundança nos órgãos sociais, com Maya a subir a CEO.

Os montantes referidos no artigo são valores brutos, ainda sujeitos a IRS.

Se não se sabe se haverá consequências nas remunerações do BCP, é já público que a administração vai propor a não distribuição de dividendos aos acionistas, em linha com a recomendação do Banco Central Europeu.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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