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Ciência

“A Inteligência Artificial já está a mudar a ciência, mas continua a ser feita por cientistas e os computadores são apenas ferramentas”

“A Inteligência Artificial já está a mudar a ciência, mas continua a ser feita por cientistas e os computadores são apenas ferramentas”
NUNO BOTELHO

Em 2021, Maria Leptin passou a liderar o principal braço da UE para o financiamento da denominada ciência fundamental com a nomeação para a presidência do Conselho Europeu e Investigação (ERC). De passagem por Lisboa para participar nos 10 anos da rede de centros de ciência EU-Life que foram assinalados na Fundação Calouste Gulbenkian, a bióloga e imunologista alemã sabe que tem de apelar à veia política para cumprir os objetivos a que se propôs. E aí é que a máquina calculadora entra em ação: “Temos projetos excelentes que não foram financiados e que são soberbos”

Vale a pena investigar buracos negros que até podem não ter grande aplicação prática?
Costumo dar esse exemplo porque é uma investigação que as pessoas consideram entusiasmante, mesmo que não sirva para curar o cancro ou resolver a crise climática. A história da humanidade pode não curar o Alzheimer ou tornar-nos ricos, mas envolve curiosidade. A vacina para a Covid da AstraZeneca foi desenvolvida em Oxford, na Inglaterra; enquanto a vacina da BioNTech e da Pfizer em Mainz, na Alemanha. Ambos grupos receberam fundos do ERC. Os alemães queriam vacinas para o cancro e não estavam a pensar em vírus. Há investigadores que trabalham para problemas concretos, mas há investigações em que não se conhece a utilidade. No final o que conta é a curiosidade.

A utilidade pode não ser notória?
Claro e, mesmo assim, os jornais fazem notícias…

É a ciência pop a funcionar…
A ciência não se faz para ser pop, mas sim porque há problemas fundamentais para resolver. Aqueles que questionam investigações sobre buracos negros porque não há dinheiro têm de entender que o conhecimento é necessário.

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