IA procurou transmissões de civilizações alienígenas: oito “promissores” sinais de rádio podem ser extraterrestres

Esses sinais de rádio são provenientes de estrelas localizadas entre 30 e 90 anos-luz da Terra
Esses sinais de rádio são provenientes de estrelas localizadas entre 30 e 90 anos-luz da Terra
Quando se investiga a existência de vida noutros pontos do Universo, os cientistas, especialmente os astrobiólogos, procuram por bioassinaturas, marcadores que podem fornecer indícios atuais ou passados de que algum organismo – por mais simples que seja – se possa ter desenvolvido fora da Terra. Até na nossa vizinhança, no Sistema Solar, há candidatos que, abaixo da superfície de gelo, podem ser mundos oceânicos potencialmente habitáveis, como Europa, lua de Júpiter, ou Encélado, um dos 82 satélites naturais de Saturno.
Em ambos os casos, estaríamos sempre a falar de vida microbiana e nunca de seres desenvolvidos. Portanto, a busca por vida inteligente e por civilizações avançadas eleva a fasquia para outro patamar, o que requer detetar tecnoassinaturas, sinais gerados por extraterrestres tecnologicamente evoluídos. É a isso que se dedica o SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence), criado em 1984, tendo como ‘pai’ o emblemático astrónomo e divulgador científico Carl Sagan.
Agora, uma equipa liderada por investigadores da Universidade de Toronto usou uma nova técnica para classificar os dados recolhidos por radiotelescópios do mundo inteiro, focados desde a década de 1960 em identificar sinais de rádio provenientes de milhares de estrelas e centenas de galáxias. O estudo foi publicado na revista científica “Nature Astronomy”.
Com recurso a uma nova inteligência artificial (IA), baseada em “machine learning”, o algoritmo foi capaz de organizar os sinais de rádio por categorias, de forma a diferenciar transmissões reais e interferências.
A IA analisou ondas de rádio provenientes de 820 estrelas, um trabalho que implicou escrutinar mais de 480 horas de dados obtidos pelo Green Bank Telescope, o maior radiotelescópio orientável do mundo.
O mais surpreendente é que o algoritmo descobriu oito novos sinais de rádio que podem ser transmissões efetuadas por algum tipo de inteligência alienígena. Esses sinais são provenientes de estrelas localizadas entre 30 e 90 anos-luz da Terra.
“O nosso trabalho devolveu oito promissores sinais de inteligência extraterrestre de interesse não identificados previamente”, refere o estudo.
A astrofísica Cherry Ng, investigadora associada do Instituto Dunlap de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Toronto, afirma, citada em comunicado, estar “impressionada com o desempenho desta abordagem na busca por inteligência extraterrestre”.
A especialista sublinha que, com o auxílio desta inteligência artificial, está “otimista de que será possível quantificar melhor a probabilidade de presença de sinais extraterrestres de outras civilizações”.
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