Ciência

Google vai deixar de usar cookies, a bem da privacidade dos internautas

Google vai deixar de usar cookies, a bem da privacidade dos internautas

O histórico abandono dos registos pessoais de navegação na Internet vai ser acompanhado da adoção da tecnologia FLoC, que permite esconder identidades no meio de grupos de utilizadores

Um navegador que não usa cookies? A ideia pode parecer pouco plausível, mas é o que a Google vai começar a fazer com o lançamento da mais recente versão do navegador (ou browser) Chrome, ainda durante março. Além do Chrome, a decisão deverá produzir efeitos diretos nos restantes produtos da Google, que vão deixar de usar os registos de dados de navegação pessoais, que são conhecidos por cookies.

A gigante da Internet anunciou ainda que não pretende substituir os cookies pelos identificadores que a indústria tem vindo a trabalhar como alternativa.

A Google já tinha retirado recentemente o suporte aos cookies para entidades externas, mas, tendo em conta o posicionamento da empresa, que cresceu nas últimas décadas através do cruzamento de dados e tendências identificadas na web, a decisão acaba por representar um corte com o passado.

“As pessoas não deveriam ter que aceitar ser rastreadas na web para ter os benefícios da publicidade relevante. E os anunciantes não precisam de rastrear consumidores individuais na web para obter os benefícios do desempenho da publicidade digital”, refere em comunicado a Alphabet, que detém a marca Google.

A gigante tecnológica reitera a intenção de continuar a trabalhar com o objetivo de salvaguardar a identidade e os dados pessoais dos internautas, ao mesmo tempo que tenta gerar valor para marcas e anunciantes e lembra, mesmo, que tem vindo a participar em grupos sectoriais como o Privacy Sandbox. Mas essa participação não deverá ser suficiente para enveredar pelos identificadores alternativos.

“Tornamos explícito que, assim que os cookies de terceiros forem eliminados, não criaremos identificadores alternativos para monitorizar indivíduos enquanto navegam na web, nem os iremos usar nos nossos produtos”, refere o comunicado da empresa.

A Google justifica a recusa dos identificadores alternativos com o facto de permitirem identificar os internautas, quando tal não deveria acontecer. “Percebemos que isso significa que outros fornecedores podem oferecer um nível de identidade ao nível do utilizador para rastreamento de anúncios na web que não disponibilizamos - como gráficos PII baseados em endereços de e-mail de pessoas”.

Como alternativa, a Google tem vindo a trabalhar na recolha de dados a partir de grupos de pessoas – o que permite manter preferências e dados pessoais salvaguardados.

“Avanços na agregação, na anonimização, processamento no dispositivo e outras tecnologias de preservação de privacidade oferecem um caminho claro para a substituição dos identificadores individuais”, refere a empresa americana.

Em alternativa aos identificadores individuais, as marcas e produtos do grupo Alphabet vão passar a usar uma tecnologia conhecida pela sigla FloC (de Federated Learning of Cohorts; ou Aprendizagem Federada de Coortes). Segundo a Google, com esta tecnologia torna-se possível “esconder indivíduos no meio de multidões de pessoas com interesses comuns”.

O comunicado da Google deixa antever uma adoção gradual dos FloC: “O Chrome pretende disponibilizar coortes baseados em FLoC para teste público por meio de ensaios de origem juntamente com o seu lançamento neste mês, e esperamos começar a testar coortes baseadas em FLoC com anunciantes no Google Ads no segundo trimestre”, informa a Google.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: senecahugo@gmail.com

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