Cheias

O problema das cheias chama-se desordenamento territorial e não se resolve com “antipiréticos”: em Lisboa, 58% dos solos são impermeáveis

16 dezembro 2022 20:32

Carla Tomás

Carla Tomás

Jornalista

A água subiu meio metro de altura em casas e estabelecimentos comerciais

nuno botelho

O clima explica as chuvas torrenciais, mas o excesso de impermeabilização entra na equação das inundações e outros danos

16 dezembro 2022 20:32

Carla Tomás

Carla Tomás

Jornalista

Ruas, casas, restaurantes e lojas inundados. Carros a boiar, transportes cancelados, escolas fechadas. Pessoas em desalento e autarcas a atribuírem responsabilidades a terceiros. Aconteceu duas vezes numa semana, em Lisboa, Oeiras e Loures, e deverá voltar a repetir-se no futuro devido à probabilidade de se repetirem fenómenos extremos como os que se viveram a 7 e 8 e a 12 e 13 de dezembro. As alterações climáticas estão aí, mas nem tudo é da sua responsabilidade.

“As consequências desta situação hidrológica extrema têm sobretudo a ver com o ordenamento do território e a excessiva impermeabilização do solo e é demagógico atribuir culpas só às alterações climáticas”, alerta Manuela Portela, especialista em hidrologia. “O que presenciámos em Lisboa ou Oeiras foram ribeiras entubadas, que ninguém vê, a esgotar a sua capacidade de vazão devido ao excesso de impermeabilização e ao mau ordenamento do território”, reforça. “O sistema climático é caótico, de facto, mas o geográfico também importa”, acrescenta a geógrafa Ana Monteiro.