Cerca de 440 mil pessoas terão sido vítimas de abusos sexuais no seio da Igreja Católica em Espanha. O número foi avançado pelo “El País”, que se baseia num relatório que resulta de um inquérito promovido pelo provedor de Justiça, Ángel Gabilondo. Segundo a Provedoria de Justiça, 1,13% da população adulta em Espanha foi abusada pela Igreja Católica quando era menor de idade.
Este número torna Espanha o país com o maior número de vítimas sexuais no contexto da Igreja Católica. O inquérito foi levado a cabo este ano e tem por base uma "amostra ampla" da população: um total de 8.013 inquiridos.
O inquérito revela, ainda, que 0,6% dos abusos foram cometidos por padres ou diáconos. Já os restantes foram realizados por leigos a trabalhar para a Igreja. Os dados indicam que um total de 11,7% dos adultos terão sido vítimas de abuso sexual antes de completarem 18 anos, com 3,36% desses abusos a aconteceram em contexto familiar. Outra conclusão: há mais vítimas do sexo feminino.
Ángel Gabilondo considera que as vítimas “merecem ser ouvidas, cuidadas e retribuídas” e defendeu a criação de um fundo estatal para indemnizações. O provedor de Justiça espanhol pediu, ainda, à Igreja que coloque dinheiro nesse fundo.
Além desta solução, o relatório apresenta várias outras recomendações, incluindo a promoção pela Igreja Católica de um "ato público de reconhecimento e reparação simbólica". Outras sugestões incluem a garantia de acesso às informações nos arquivos por parte das dioceses e institutos de vida consagrada, bem como a necessidade de que as instituições religiosas prestem máxima atenção aos processos de seleção e formação de seus membros.
A Conferência Episcopal Espanhola marcou uma assembleia para 30 de outubro. O objetivo é analisar os resultados deste inquérito, que contém 100 páginas de depoimentos de vítimas e representa a primeira investigação oficial sobre o fenómeno de abuso sexual de crianças.
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