Sociedade

Cádmio encontrado no chocolate: consumo pode afetar a saúde e as crianças estão particularmente vulneráveis

UFC-Que Choisir recomenda moderação no consumo, privilegiando tabletes de chocolate biológico cujo cacau não seja importado da América Latina
UFC-Que Choisir recomenda moderação no consumo, privilegiando tabletes de chocolate biológico cujo cacau não seja importado da América Latina

Comer no mesmo dia duas bolachas recheadas, uma taça de cereais de chocolate e uma chávena de chocolate quente pode fornecer a uma criança de 10 anos quase metade da dose diária máxima de cádmio, a partir da qual há risco para a saúde. O alerta é da associação de defesa dos consumidores UFC-Que Choisir

O chocolate, mesmo dentro dos limites legais, contém quantidades “não negligenciáveis” de cádmio, alerta a associação de defesa dos consumidores UFC-Que Choisir num artigo em que alerta para os perigos deste metal.

Segundo a organização, comer no mesmo dia duas bolachas recheadas, uma taça de cereais de chocolate e uma chávena de chocolate quente pode fornecer a uma criança de 10 anos quase metade da dose diária máxima de cádmio, a partir da qual há risco para a saúde, de acordo com o “Les Echos”.

O cádmio, que se acumula no organismo e aumenta a probabilidade de doenças cardiovasculares e cancro, tem uma referência toxicológica fixada em 0,35 microgramas por quilo de peso corporal por dia, segundo a Agência Nacional de Segurança Sanitária de França (ANSES). Apesar das análises de laboratório indicarem que os produtos analisados respeitam os limites legais, o consumo de múltiplos alimentos com cádmio no mesmo dia pode ultrapassar o nível tolerável.

A associação salienta que as crianças estão particularmente vulneráveis. Uma quantidade de 50 gramas de bolachas de chocolate negro representa 20% da dose diária de cadmio para uma criança, enquanto para um adulto apenas 8%.

Chocolate biológico da América Latina com valores elevados

O problema não se restringe ao chocolate convencional: o chocolate biológico, especialmente quando o cacau é proveniente da América Latina, apresenta níveis ainda mais elevados, podendo atingir entre 6% e 35% do limite diário para um adulto. Chocolates produzidos com grãos africanos mostraram concentrações quatro vezes inferiores.

Os fabricantes, como Bjorg e Carambar & Co (Poulain), (empresas francesas), confirmaram os valores apresentados, enquanto a Nestlé explicou que não adiciona cádmio, mas que este pode estar presente em traços nas matérias-primas.

Especialistas franceses alertaram em junho para a exposição generalizada ao cádmio, principalmente entre crianças e mulheres, devido a fertilizantes utilizados na agricultura, que contaminam cereais, pão e batatas. A ANSES anunciou que publicará ainda este ano um estudo sobre a exposição humana ao cádmio, com vista a definir medidas para reduzir a contaminação da população.

Texto escrito por Nadja Pereira e editado por João Miguel Salvador

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