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Nómadas digitais: "Sinto que há três mundos em Lisboa: o dos portugueses, o dos estrangeiros ricos e o dos imigrantes pobres"

Daniel Bernardi no café de que é dono e que não quer que seja apenas para estrangeiros
Daniel Bernardi no café de que é dono e que não quer que seja apenas para estrangeiros
Expresso

A chegada de milhares de estrangeiros abastados encareceu Lisboa e tornou a cidade inacessível para muitos portugueses. O Expresso falou com alguns destes imigrantes que se autodenominam ‘expats’, que vieram atrás do sol e da qualidade de vida mas acabaram com algum peso na consciência. “O Governo português ficou fascinado com os estrangeiros ricos e esqueceu os locais", diz um deles

Nómadas digitais: "Sinto que há três mundos em Lisboa: o dos portugueses, o dos estrangeiros ricos e o dos imigrantes pobres"

Matilde Fieschi

Fotojornalista

Atraídos pelo clima, pela proximidade da praia, por um custo de vida que lhes é acessível ou por regalias fiscais, milhares de nómadas digitais mudaram-se para Lisboa nos últimos anos. A capital tornou-se popular entre estrangeiros abastados e foi eleita como uma das melhores cidades do mundo para quem trabalha à distância e pode ‘montar escritório’ em qualquer sítio com wi-fi. São programadores, designers, publicitários, profissionais de marketing e comunicação, consultores, gestores de conteúdos e de redes sociais, freelancers ou a trabalhar para empresas internacionais, com salários muito acima dos praticados em Portugal. Trabalham para fora a partir de um rooftop soalheiro, num cowork pensado à sua medida ou na mesa de um café trendy, com brunches, lattes e avocado toats, onde quase não se ouve falar português. Mas a sua chegada teve um custo, refletido na subida a pique do preço das casas ou na conversão de tascas e pastelarias tradicionais em restaurantes sofisticados e pâtisseries. A cidade perdeu identidade e tornou-se inacessível para muitos locais. E eles têm consciência disso.

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