Atraídos pelo clima, pela proximidade da praia, por um custo de vida que lhes é acessível ou por regalias fiscais, milhares de nómadas digitais mudaram-se para Lisboa nos últimos anos. A capital tornou-se popular entre estrangeiros abastados e foi eleita como uma das melhores cidades do mundo para quem trabalha à distância e pode ‘montar escritório’ em qualquer sítio com wi-fi. São programadores, designers, publicitários, profissionais de marketing e comunicação, consultores, gestores de conteúdos e de redes sociais, freelancers ou a trabalhar para empresas internacionais, com salários muito acima dos praticados em Portugal. Trabalham para fora a partir de um rooftop soalheiro, num cowork pensado à sua medida ou na mesa de um café trendy, com brunches, lattes e avocado toats, onde quase não se ouve falar português. Mas a sua chegada teve um custo, refletido na subida a pique do preço das casas ou na conversão de tascas e pastelarias tradicionais em restaurantes sofisticados e pâtisseries. A cidade perdeu identidade e tornou-se inacessível para muitos locais. E eles têm consciência disso.
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