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“Parece que esta parte da cidade só serve para despejar a vergonha”: Lisboa concentra no Beato 90% dos alojamentos para sem-abrigo

O Centro de Acolhimento de Emergência abriu em março de 2024 na antiga Manutenção Militar. O duche toma-se em contentores
O Centro de Acolhimento de Emergência abriu em março de 2024 na antiga Manutenção Militar. O duche toma-se em contentores

São mais de 600 pessoas em sete centros de abrigo numa só freguesia. Moradores queixam-se de insegurança e insalubridade. Empresas e residentes estão a deixar a freguesia.

“Parece que esta parte da cidade só serve para despejar a vergonha”: Lisboa concentra no Beato 90% dos alojamentos para sem-abrigo

Raquel Moleiro

Jornalista

“Parece que esta parte da cidade só serve para despejar a vergonha”: Lisboa concentra no Beato 90% dos alojamentos para sem-abrigo

Tiago Miranda

Fotojornalista

As histórias saem-lhe umas atrás das outras, de supetão. A da vizinha que, na semana passada, foi assaltada no multibanco. A dos sem-abrigo que, há três dias, começaram a arremessar pedras um ao outro. A dos dois homens que, às cinco da tarde, injetavam-se junto à sua porta. A das vezes em que foi insultada ou intimidada por bêbedos agressivos. Ou a das noites em que acorda com gritos na rua. Maria José Prado chegou ao limite. “Esta zona tornou-se um gueto. Não aguento mais. Vou-me embora.”

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