
Lucília Gago está de saída do cargo de procuradora-geral da República sem ter sabido comunicar, nem para fora, nem para dentro do Ministério Público
Lucília Gago está de saída do cargo de procuradora-geral da República sem ter sabido comunicar, nem para fora, nem para dentro do Ministério Público
Grande repórter
Jornalista
A poucas semanas de terminar o mandato de seis anos como procuradora-geral da República (PGR), Lucília Gago parece conformada com o modo dramático como a sua imagem foi destruída por quase todos os quadrantes políticos (exceto pelo partido de extrema-direita, o Chega, que tem mantido uma postura de defesa incondicional de polícias e magistrados) e por uma série de figuras públicas. À direita, Marques Mendes apontou-lhe um “estilo muito arrogante”, incapaz de reconhecer uma falha, e está convicto de que não deixará saudades. À esquerda, Ana Gomes acusou-a de uma “misoginia insuportável” e de ter provado ser “inepta” para o cargo. Dois dias depois de essas críticas terem sido proferidas em horário nobre na televisão, Lucília manteve-se imperturbável na sua última intervenção pública enquanto procuradora-geral, a 17 de setembro, numa cerimónia no Centro de Estudos Judiciários: “O meu tempo esgotou-se e o que foi feito, feito está, com honestidade intelectual e sem alarde.” Mas o que Lucília Gago classifica como um mandato desempenhado “com discrição” é precisamente o único ponto em que meia dúzia de procuradores ouvidos pelo Expresso para um balanço sobre estes últimos seis anos estão de acordo: o seu grande calcanhar de Aquiles foi não ter sabido comunicar. Nem para fora, nem para dentro.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mrpereira@expresso.impresa.pt