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“Ninguém quer saber do meu estômago vazio”: Navnit é um jovem imigrante sem-abrigo a viver “a verdadeira face da imigração em Portugal”

“Ninguém quer saber do meu estômago vazio”: Navnit é um jovem imigrante sem-abrigo a viver “a verdadeira face da imigração em Portugal”
Rúben Tiago Pereira

Em Lisboa, existem hoje mais pessoas em condição de sem-abrigo, entre as quais há jovens e jovens imigrantes. Não se encontram facilmente os últimos. E se se encontram, a conversa é travada por vergonha ou por exclusão. Um jovem indiano sikh, de 26 anos, aceitaria conversar, não sente mais vergonha, quer depressa sair das ruas (às quais foi parar entre artimanhas e sobressaltos) e aconselha outros que como ele sonham (e pagam alto) um Portugal diferente: “Não venham sem dinheiro, porque vão precisar”

Lembra uma planície de mantas. Extensa, sereno relevo, paleta vívida e quietude. Na Gare do Oriente, àquela hora tardia, já madrugada em Lisboa, amontoam-se centenas de pessoas em condição de sem-abrigo, mas apesar de tudo com ordem, metro por metro distribuídas, até não haver mais espaço, sobre as camas de betão que logo ao raiar da manhã vão novamente ser bancos de estação. Dorme a maior parte, coberta por inteiro, pés e mãos e corpo e rosto, indiferente ao calor e indiferente ao ruído. O piso é aspirado, industrialmente, ruidosamente, por um trabalhador de limpezas, mas ninguém desperta. Despertam quando chegam voluntários que lhes vão distribuir alimentos, uma sandes por cada um, e bebidas, leite ou chá frio.

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