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Centro para aliviar urgências em Lisboa abre portas na quinta-feira, mas só para utentes da área do Hospital de Santa Maria

Centro para aliviar urgências em Lisboa abre portas na quinta-feira, mas só para utentes da área do Hospital de Santa Maria
Jeff Greenberg

Centro de Atendimento Clínico de Lisboa vai tratar doentes agudos sem gravidade, mas só funcionará entre as 8h da manhã e as 20h. Nesta fase, deverão ser 80 a 100 os casos diários para ali encaminhados

As urgências na Grande Lisboa vão ter mais uma porta de acesso, mas só para alguns. O Centro de Atendimento Clínico (CAC) abre no dia 1 de agosto, no centro de saúde de Sete Rios, contudo, apenas para doentes agudos ligeiros transferidos pelo SOS do Hospital de Santa Maria ou pelo atendimento telefónico SNS24 e, mesmo assim, com limitações.

Os cuidados só vão ser assegurados aos doentes que pertencem à área geográfica do hospital. O acesso ao novo serviço será feito, para já, por indicação da Urgência Geral do hospital ou após contacto com a Linha SNS24. A porta vai estar aberta todos os dias, entre as 8 e as 20 horas, com possibilidade de duas horas de prolongamento em caso de necessidade.

Ao Expresso, o presidente da Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria, Carlos Martins, explicou que no arranque é expectável que sejam atendidos 80 a 100 casos agudos sem gravidade. Dito de outra forma, metade dos 160 a 200 doentes triados todos os dias com as cores azul ou verde no SOS do hospital. “Em função da divulgação, informação e habituação, prevemos ter todos os esses doentes fora na Urgência do Santa Maria no final deste ano.”

Sobre a barreira geográfica na assistência, Carlos Martins justifica-a com a indispensável articulação com os centros de saúde que integram a ULS. “A Linha SNS24 deve dar preferência aos utentes da nossa área para que depois possa ser acompanhado nos cuidados primários, mesmo que não tenha médico de família atribuído. Diariamente, temos 100 ‘slots’ nas nossas unidades.”

Três médicos por turno

O CAC de Sete Rios vai contar com uma equipa de nove elementos por turno: três médicos, dois enfermeiros, dois técnicos de diagnóstico, um secretário clínico e um técnico auxiliar de saúde. Os clínicos são prestadores de serviços, vêm da medicina geral e familiar e de especialidades hospitalares e “têm todos experiência em urgência”, garante o presidente da ULS Santa Maria.

No novo serviço vão ser assegurados os cuidados habituais a doentes agudos sem gravidade, incluindo alguns exames. O CAC vai contar com química seca (para testes laboratoriais rápidos), raio-X e eletrocardiograma.

A ideia destes centros em Lisboa e no Porto, a abrir no Hospital da Prelada (da Santa Casa da Misericórdia), faz parte do “Plano de Emergência e Transformação na Saúde” e foi apresentada como uma medida urgente, para “apresentar resultados em três meses”, com vista a diminuir a pressão nas urgências hospitalares. No plano do Governo, os CAC são descritos como estruturas que devem funcionar como uma “coroa de proteção aos hospitais com Serviço de Urgência”. Para já, apenas o Santa Maria vai beneficiar dessa proteção.

Em Lisboa chegou a estar previsto um centro no Hospital das Forças Armadas, mas esse plano não foi adiante.

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmou várias vezes que os CAC são parte da solução para retirar os casos verdes ou azuis do atendimento diferenciado, hospitalar, e que os projetos piloto no Porto e em Lisboa serão alargados a “outras cidades de forma gradual”, como se lê no Plano de Emergência. Ainda assim, parece que o projeto perdeu força: o Porto ainda não tem CAC e quando tiver também será apenas durante o dia, embora nesta caso esteja aberto até à uma da manhã, como avançou ao ExpressoAntónio Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Ou seja, à noite os hospitais vão continuar ‘a descoberto’.

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