O mercado europeu vale cerca de 10,5 mil milhões de euros anuais e a costa portuguesa é considerada uma porta de entrada da cocaína na Europa. Artur Vaz é o homem da Polícia Judiciária que dirige o combate a este fluxo em Portugal e conversou com o Expresso sobre esta "ameaça muito significativa à segurança na União Europeia”
Há um longo e estridente sofá de pele branca com acabamentos a dourado no quinto piso da sede da Polícia Judiciária, em Lisboa, apreendido a um mediático suspeito de tráfico internacional de cocaína em Portugal. O gabinete de Artur Vaz, diretor da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ, está ao fundo do corredor nesse andar.
Um conjunto de drogas ilícitas figura emoldurado na parede — cogumelos mágicos, heroína e haxixe. Mas é a cocaína a que mais assombra as autoridades europeias e este é o homem que lidera a esquiva batalha em Portugal contra o narcotráfico internacional
O Relatório Global sobre Cocaína da ONU, de 2023, aponta a costa de Portugal e as ilhas, além dos portos de Lisboa e de Setúbal, como portas de entrada na UE. O número de toneladas apreendidas cresce a cada novo ano. A eficiência operacional da PJ melhorou ou o volume traficado aumentou?
Há um aumento exponencial da produção na Colômbia, na Bolívia e no Peru. Com o consequente aumento dos fluxos e das remessas ilícitas rumo à Europa e aos EUA. É uma droga em expansão. A Europa tornou-se no principal mercado de consumo desta substância, é um mercado mais importante e lucrativo para o narcotráfico do que os EUA; as organizações criminosas querem lucro. As autoridades europeias reforçaram-se e aumentaram a eficácia na luta contra esta doença. É um tráfico indutor doutros géneros de criminalidade: a violenta, a corrupção ou o branqueamento de capitais. Em Portugal, a investigação ao tráfico internacional é sempre da responsabilidade da Judiciária.
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