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Mercado de trabalho agrava o fosso social: 20% dos jovens são obrigados a acumular trabalhos para ter autonomia

Salários. Sandra Vale, 32 anos, enfermeira no Funchal, sempre acumulou dois trabalhos: a tempo inteiro num hospital e em part-time num lar
Salários. Sandra Vale, 32 anos, enfermeira no Funchal, sempre acumulou dois trabalhos: a tempo inteiro num hospital e em part-time num lar
Gregório Cunha

A conclusão é avançada no livro “Os Jovens e o Trabalho em Portugal”, do Observatório das Desigualdades e do Observatório do Emprego Jovem e que se baseia num inquérito que abrangeu 5076 jovens. As desigualdades continuam e agravam-se. 80% dos não licenciados têm pais que não foram além do 12º ano e as mulheres continuam a ser mais prejudicadas

Mercado de trabalho agrava o fosso social: 20% dos jovens são obrigados a acumular trabalhos para ter autonomia

Carlos Esteves

Jornalista infográfico

Sandra tem 32 anos, é enfermeira há dez e não sabe o que é ter só um emprego: sempre acumulou o trabalho no hospital do Funchal com um part-time como enfermeira num lar. Fá-lo porque, de outra forma, viveria com o dinheiro contado e o saldo ao fim do mês seria zero, mesmo sem ir jantar fora ou de férias. É essa a razão que também leva João (nome fictício) a dedicar noites, horas de almoço e fins de semana ao seu segundo emprego na área da comunicação. Se, no início, quando começou a trabalhar, até lhe dava algum gozo ter mais do que uma ocupação, agora, aos 31 anos, já agradeceria se pudesse viver de um só emprego. “Continuar nisto ao fim de sete anos é diferente. Mas é a única forma de juntar algum dinheiro. Não há alternativa a não ser trabalhar mais.”

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