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Centros de noite: os idosos que são autónomos de dia têm apoio para dormir em segurança

Ao contrário do que acontece nos centros de dia, aqui as pessoas chegam ao final da tarde e saem após o pequeno-almoço do dia seguinte
Ao contrário do que acontece nos centros de dia, aqui as pessoas chegam ao final da tarde e saem após o pequeno-almoço do dia seguinte

Há apenas 13 centros de noite no país. Em Garfe, onde nasceu o primeiro, a resposta agrada aos doze utentes que todos os fins de tarde saem do conforto da casa e abraçam a segurança de deixar para trás a solidão

Centros de noite: os idosos que são autónomos de dia têm apoio para dormir em segurança

Joana Ascensão

Jornalista

Centros de noite: os idosos que são autónomos de dia têm apoio para dormir em segurança

Rui Duarte Silva

Fotojornalista

Centros de noite: os idosos que são autónomos de dia têm apoio para dormir em segurança

Carlos Esteves

Jornalista infográfico

São meia dúzia de voltas na carrinha alimentada a eletricidade que Céu Gonçalves já percorre sem precaver as curvas. Garfe não é grande. A casa de Joaquim rapidamente aparece no horizonte. É uma vivenda de dois andares, que em tempos pareceu acanhada para tanta gente e agora se afigura gigantesca face ao único homem que a habita.

Aos 84 anos, Joaquim é sensível à buzina. Sabe que religiosamente, por volta das seis da tarde, lhe aparece a “funcionária mais antiga da instituição”, numa farda azul-turquesa, a perguntar como vai. Não poucas vezes lhe empresta um braço para o ajudar nas passadas, porque a partir dali o dia que se finda recomeça, afinal, com os outros 11 da sua idade.

Todos têm entre os 71 e os 88 anos. Todos estão sozinhos. A todos morreu alguém. A quase todos falta um filho por perto e espreita a solidão. Todos são vizinhos, mais rua, menos rua. Mas numa localidade abrasada de gente e com o peso da idade, um quarteirão pode fazer a diferença, sobretudo na altura em que o sol se põe.

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