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Portugal registou o segundo maior consumo do mundo de zolpidem: que fármaco é este, para que serve e quais os benefícios e riscos?

Portugal registou o segundo maior consumo do mundo de zolpidem: que fármaco é este, para que serve e quais os benefícios e riscos?
d.r.

Segundo o relatório anual do Conselho Internacional para o Controlo de Narcóticos, das Nações Unidas, Portugal registou, em 2022, o segundo maior consumo do mundo do fármaco para insónias zolpidem, só atrás do Uruguai. Hugo Simião, psiquiatra com certificação europeia em Medicina do Sono e pós-graduado em Psicologia do Sono, aponta possíveis explicações para estes dados, avisa para os riscos de dependência deste fármaco e chama a atenção para a necessidade de haver mais psicólogos e psiquiatras com formação especializada na área do sono. “Como praticamente não temos estes profissionais, acabamos por recorrer a fármacos, que estão mais disponíveis."

Portugal registou o segundo maior consumo do mundo de zolpidem: que fármaco é este, para que serve e quais os benefícios e riscos?

Helena Bento

Jornalista

Portugal registou, em 2022, o segundo maior consumo do mundo do fármaco zolpidem, utilizado no tratamento da insónia. Como interpreta este dado?
Honestamente, não me surpreende. Em Portugal temos uma cultura em que, tendencialmente, o sono é deixado para último lugar; os nossos dias e rotinas de trabalho começam muito cedo, à semelhança do que acontece nos países nórdicos, mas, contrariamente a estes, trabalhamos até muito tarde. Isto faz com que o nosso ritmo circadiano (que regula, por exemplo, os ritmos de dormir ou de comer, funcionando como uma espécie de relógio biológico do cérebro) fique desregulado, afetando o nosso sono.

Não me parece que o elevado consumo deste fármaco seja um problema de má prática clínica. O que acontece é que praticamente não temos psicólogos ou médicos com formação em terapia cognitivo-comportamental para a insónia - recomendada como tratamento de primeira linha para o tratamento desta doença - e, por isso, acabamos por recorrer a fármacos, que estão mais disponíveis.

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