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Agência Portuguesa do Ambiente também chumba extensão de validade ambiental para aeroporto do Montijo

Agência Portuguesa do Ambiente também chumba extensão de validade ambiental para aeroporto do Montijo

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) não vai prolongar a declaração de impacte ambiental emitida há quatro anos para o aeroporto do Montijo. Ambientalistas defendem que “o interesse público prevalece assim sobre interesses privados”

Agência Portuguesa do Ambiente também chumba extensão de validade ambiental para aeroporto do Montijo

Carla Tomás

Jornalista

Com base “na pronúncia das entidades consultadas”, entre as quais o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) confirma ao Expresso que "considerou não estarem reunidas as condições necessárias à prorrogação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) do aeroporto do Montijo e respetivas acessibilidades.

A decisão obriga agora a “um período de audiência prévia nos termos do Código do Procedimento Administrativo” e a ANA Aeroportos já fez saber que vai contestar.

No início da tarde desta terça-feira, o Expresso confirmou que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) foi uma das entidades que emitiu um parecer que chumba a renovação da DIA emitida em 2020, pedida pela ANA Aeroportos

A justificar a decisão desfavorável, a autoridade em conservação da natureza argumenta que “teve em conta novos estudos científicossobre a avifauna desta zona divulgados recentemente”. Um dos estudos “conclui que a implementação do novo aeroporto de Lisboa pode levar a uma perda de até 30% do valor de conservação do estuário do Tejo em termos de alimentação das aves invernantes”.

O ICNF também argumenta que "há uma alteração objetiva de circunstâncias e uma inequívoca evolução do conhecimento e do quadro ambiental” e indica que a manter-se a opção Montijo em cima da mesa, “é necessário um novo processo de Avaliação de Impacte Ambiental, que contemple toda a informação técnica e científica agora conhecida, assim como nova que venha a surgir para uma decisão sustentada e realista”.

Para os ambientalistas das nove organizações ambientais que tinham apelado ao chumbo da extensão da validade da DIA – e que colocaram a DIA emitida em 2020 (que agora caduca) em tribunal – a opção de um aeroporto no Montijo era “totalmente inviável”.

Esta "é uma grande notícia” para Acácio Pires da Zero e Jorge Palmeirim da Liga para a Proteção da Natureza (LPN). “É a correção de um erro cometido há quatro anos”, aplaude Acácio Pires, lembrando que “esta é uma das reservas naturais europeias mais importantes da Europa para as aves”.

Já Jorge Palmeirim, biólogo e coautor de um dos estudos, sublinha que esta decisão “reconhece o conhecimento científico existente”. O também investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa frisa ainda que “o interesse público prevalece assim sobre interesses privados”


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