Marcha extremista marcada para o Martim Moniz preocupa imigrantes: “Não queremos lutar contra eles"

Xenofobia. Manif antimuçulmana é tema nas orações da mesquita. Autoridades preocupadas
Xenofobia. Manif antimuçulmana é tema nas orações da mesquita. Autoridades preocupadas
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Na multicultural Rua do Benformoso, na Mouraria, as lojas de telemóveis, os talhos de carne halal e os barbeiros com cortes de cabelo por €7 estão à pinha. É um dia de semana igual a tantos outros, em que grupos de imigrantes se resguardam da chuva debaixo dos toldos, devorando com os olhos as shingaras (pastéis recheados de batata e ervilhas) e os jilapis (doce frito embebido em xarope de açúcar) expostos nos balcões de quase todos os cafés e restaurantes. Os aromas a caril e açafrão aguçam ainda mais o apetite dos grupos que conversam e trocam SMS. Um dos temas de que se fala em surdina nos últimos dias no bairro é o da manifestação, no dia 3 de fevereiro, de membros da extrema-direita, que planeiam percorrer as principais ruas da Mouraria e do Martim Moniz a gritar palavras de ordem “contra a islamização”.
O presidente da comunidade do Bangladesh, Rana Taslim Uddin, mostra-se apreensivo. É uma ameaça quase invisível que faz parar a colher com que mexe a chávena de chá com leite: “Se houver algum problema, teremos de fechar as nossas lojas. Não queremos lutar contra eles.” O imigrante tem estado a acompanhar as redes sociais destes grupos neonazis nos últimos dias com atenção. “Já avisei para não se meterem com eles e não ligarem a provocações.”
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