Por esta altura, 150 mil crianças já deixaram nos marcos do correio de todo o país as suas cartas para o Pai Natal. Muito provavelmente, serão as únicas que elas e os pais escreveram durante todo o ano. Para umas até poderá ser a primeira carta das suas vidas e para outras, mais crescidas, terá mesmo sido a última. Basta que nos próximos meses desapareça do seu imaginário o Pai Natal para que se apague o único destinatário de quem tinham a morada em vez do número de telemóvel. Substituída pelas comunicações digitais, a correspondência pelo correio continua a perder peso de ano para ano no mundo inteiro. Em Portugal, numa década, o volume de cartas e postais desceu para metade e a única dúvida que persiste daqui em diante é saber a que ritmo continuará a cair.
Hoje, a correspondência que chega às caixas do correio é composta sobretudo por comunicações institucionais com o Estado, bancos, seguradoras ou outras empresas. São envelopes com multas e avisos, extratos bancários, cartas verdes dos seguros, além de faturas da água, luz, gás ou telecomunicações. A digitalização da economia e as preocupações ambientais têm levado a que estes documentos sejam cada vez mais enviados por e-mail, poupando-se no papel e contribuindo para a diminuição do volume da correspondência nacional. Contudo, o que está em vias de extinção é escrever uma carta a alguém. “A redução da correspondência entre pessoas é mais acentuada quando comparada com a das empresas”, afirmam os CTT. “A troca de cartas entre pessoas diminuiu, uma vez que o digital assumiu preponderância. Com a evolução da tecnologia dos telemóveis, que enviam mensagens, fotografias e vídeos, as ferramentas de e-mail e as redes sociais ganharam terreno. O correio é agora mais utilizado para o envio de bens ou documentos importantes.”
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