O Aman Bank era um banco insignificante. Não apenas no contexto financeiro líbio, mas sobretudo na operação global do Grupo Espírito Santo. Daí que vários quadros do BES, à margem de Ricardo Salgado, tenham criticado a concretização do negócio.
No início de 2011, após a eclosão da primeira guerra civil na Líbia, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pediu “esclarecimentos adicionais ao mercado sobre os potenciais impactos na situação patrimonial do banco”.
Em resposta, Elsa Ramalho, responsável do BES pelas relações com os investidores, esclareceu por email que, “no final de 2010, o Aman Bank tinha 478 milhões de euros de ativo líquido”. O correspondente a 0,6% do ativo total consolidado do BES, “um valor imaterial” para as contas do grupo àquela data.
A somar à “ausência de valor”, a desorganização interna e operacional do Aman Bank era “assustadora”. Ou, como alertaria igualmente por correio eletrónico Rui Silveira, as “deficiências” funcionais e operativas detetadas no banco líbio eram “potenciadoras de sérios riscos legais, reputacionais e para toda a atividade”. O administrador do BES reagia aos resultados da primeira auditoria interna ao Aman Bank, em agosto de 2010, cujo relatório final concluía que aquela instituição apresentava uma “falta geral de cultura de controlo”.
A situação não parecia inquietar ou desagradar Ricardo Salgado. Antes pelo contrário. O banqueiro ignorou os alertas emitidos por uma auditoria externa “completa” ao Aman Bank realizada pela KPMG, entre janeiro e fevereiro de 2011, e que custou ao BES meio milhão de euros, de acordo com uma ata do banco de 26 de outubro de 2012.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt