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Sem abrigo: Ana Carla recebeu a sua casa nos Olivais e da rua trouxe um peluche e um romance. Este programa dá um teto a quem não o tem

Ana Carla, 51 anos, recebeu a sua casa nos Olivais há apenas quatro meses. Da rua trouxe um peluche e um romance, com todas as marcas de um sem-abrigo
Ana Carla, 51 anos, recebeu a sua casa nos Olivais há apenas quatro meses. Da rua trouxe um peluche e um romance, com todas as marcas de um sem-abrigo

Em 10 anos, o projeto É Uma Casa, da associação Crescer, deu habitação própria a 160 sem-abrigo crónicos. Em troca da chave nada se exige. Mas basta isso para mudarem vida e vícios. 90% não voltaram à rua

Ana Carla Abreu saiu da rua há quatro meses, em sentido contrário à maré. São cada vez mais os que chegam à situação de sem-abrigo, há 10.773 em todo o país, quase mais 80% em quatro anos. Ela esteve lá a vê-los aumentar, as tendas iguais à dela a multiplicarem-se pela capital. Alcântara, Cais do Sodré, Santa Apolónia, Oriente. Mais imigrantes, mulheres, jovens, até casais. A cada dia mais vergados, a afundarem-se em vícios que adormecem o corpo e mascaram o medo. A dose de crack a €5 no Loureiro, o vinho em pacotes de litro. E Carla a rever-se em cada um, a assistir à degradação que foi também a dela, cada vez mais certa de que chegara a hora de partir, a sentir-se finalmente com coragem para pôr fim a 38 anos de dependência de droga em 51 de vida. Nem sabe quantos passou ao relento.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

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