Enquanto astronauta análogo, João Lousada participa em missões que simulam na Terra o ambiente inóspito que o Homem encontrará na Lua ou em Marte. Mas que não detém o eterno desejo humano de conquistar novas fronteiras e, quem sabe, viver no Espaço. Esse futuro não está assim tão longínquo, acredita o português formado em Engenharia Aeroespacial pelo Instituto Superior Técnico e que tem vivido nos últimos anos na Alemanha.
Veio a Portugal este fim de semana para um encontro de cientistas (“Homo Curiosus”) falar sobre a possibilidade de podermos vir a morar no espaço. Faço-lhe a mesma pergunta. Podemos?
A resposta pode parecer surpreendente, mas a verdade é que nós já vivemos no espaço. Portanto, sim, claramente que é possível e já o fazemos há vários anos, desde o dia 31 de outubro de 2000, com o envio da primeira missão tripulada à Estação Espacial Internacional. A partir do momento que dois russos e um norte-americano foram para a EEI, que todos os dias, de forma permanente, temos uma presença de pessoas, neste caso de astronautas, no Espaço. Claro que se pensarmos um pouco mais além e em ter colónias permanentes na superfície da Lua, de Marte ou em lugares mais longínquos, não estamos ainda aí. Mas acredito que estamos mais próximo do que talvez possa aparecer. Já no próximo ano teremos os primeiros astronautas a a orbitar a Lua e ainda nesta década voltaremos a ter aterragens na Lua. E mesmo em relação a futuras colónias em Marte poderemos não estar assim tão longe. Muito do trabalho que se faz hoje, e que eu também faço nas missões análogas, tem a ver com isso, com dar os passos que nos vão levar a essas missões. Ou seja, já estamos hoje a trabalhar nessas realidades.
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