Sociedade

Balsemão recebe medalha de honra da cidade de Lisboa. “O 25 de novembro é uma data a celebrar”, frisa

Balsemão recebe medalha de honra da cidade de Lisboa. “O 25 de novembro é uma data a celebrar”, frisa
José Fernandes

O presidente do grupo Impresa enfatizou a importância dos valores democráticos, e considerou que o atual autarca, Carlos Moedas, será “facilmente reeleito”

“Vivi intensamente o 25 de abril em Lisboa, fui para a rua com o povo nas primeiras manifestações”, recordou Francisco Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa, ao receber a Medalha de Honra da Cidade de Lisboa, das mãos do presidente da câmara, Carlos Moedas, em cerimónia que decorreu esta segunda-feira na sede do município.

Balsemão evocou na ocasião o seu “longo percurso” de vida “nesta linda e majestática capital de Portugal”, destacando em particular o trajeto que o levou a assumir funções políticas, enquanto fundador do Partido Popular Democrata (PPD) - juntamente com Francisco Sá Carneiro e Joaquim Magalhães Mota - acabando por tornar-se Primeiro Ministro no final de 1980, na sequência da tragédia de Camarate, que vitimou mortalmente Sá Carneiro.

As suas “lutas”, antes ou depois do 25 de abril, em prol dos valores democráticos, e especialmente contra a censura e pela liberdade de imprensa, foram destacadas por Francisco Pinto Balsemão. Lembrando ter vivido o período conturbado do Gonçalvismo enquanto foi primeiro-ministro, Balsemão defendeu que “o 25 de novembro é uma data a celebrar”, aludindo ao movimento militar comandado pelas Forças Armadas que levou ao fim do PREC (Processo Revolucionário em Curso), e após a recente polémica gerada com o discurso de Carlos Moedas a 5 de outubro, avançando a intenção de assinalar o dia 25 de novembro.

Balsemão teceu elogios a Carlos Moedas, considerando que “facilmente será reeleito, a não ser que esteja a pensar noutros voos”, e também sublinhou que “hoje temos uma relação de amizade, embora nem sempre estejamos de acordo”.

Carlos Moedas começou por dirigir-se a Francisco Pinto Balsemão como “excelentíssimo senhor primeiro-ministro”, justificando que “uma vez primeiro-ministro, será sempre primeiro-ministro”. E destacou que Balsemão foi “sem dúvida o primeiro-ministro que preparou o sonho da entrada de Portugal na União Europeia”, tornando o país numa “democracia ocidental europeia”.

O autarca de Lisboa recordou os tempos em que Francisco Pinto Balsemão “se sentiu como um Dom Quixote” na luta contra a censura, o que acabou por ser uma “batalha ganha”, tal como quando fundou o Expresso.

“Era um homem à frente do seu tempo”, enfatizou Moedas, destacando que que o nome de Francisco Pinto Balsemão será sempre associado aos princípios de cidadania, de democracia e de liberdade. “Balsemão tem o privilégio de poder dizer que deixou o mundo um pouco melhor”, realçou o autarca, referindo que a medalha de honra “é um justo agradecimento dos lisboetas a um homem que deu tanto à cidade e ao país”.

Num momento em que decorrem as comemorações dos 50 anos do jornal Expresso, a medalha atribuída pela câmara de Lisboa ao fundador do grupo de comunicação social também tem o objetivo assumido de distinguir “o seu longo percurso de vida e a sua obra, com reflexos diretos na cidade de Lisboa e nos seus habitantes”.

Na cerimónia na câmara de Lisboa em que estiveram presentes várias personalidades, como Luís Marques Mendes, Leonor Beleza, Manuela Ferreira Leite ou o presidente do Tribunal Constitucional, José João Abrantes, Balsemão declarou-se “comovido e orgulhoso, com tantos elogios”, lembrando ainda que foi em Lisboa que nasceu, que começou a trabalhar como jornalista no Diário Popular, que fundou o Expresso, que deu aulas na Universidade, que praticou vários desportos, que tocou bateria em bares de jazz noturnos ou que aprendeu a “apreciar boa comida, em restaurantes chiques e caros ou em tascas de fado”.

“Também foi em Lisboa que conheci a Amália Rodrigues”, realçou Francisco Pinto Balsemão, lembrando como a emblemática fadista “estava desesperada logo a seguir ao 25 de abril", período em que o fado era associado a “música fascista”.

“Nunca esqueceremos o que Francisco Pinto Balsemão fez pela liberdade, pela democracia e pela cidadania. Obrigado, em nome de todos os lisboetas”, concluiu Carlos Moedas.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cantunes@expresso.impresa.pt

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