Sociedade

Com quase metade do território em seca severa ou extrema, Governo promete mais fiscalização nas captações de água

Com quase metade do território em seca severa ou extrema, Governo promete mais fiscalização nas captações de água
José Fernandes

Ministros do Ambiente e da Agricultura prometem mais fiscalização nas captações de águas subterrâneas e ajudas aos agricultores numa altura em que 46% do território está em seca severa e extrema.

Com quase metade do território em seca severa ou extrema, Governo promete mais fiscalização nas captações de água

Carla Tomás

Jornalista

A situação de seca meteorológica severa e extrema agravou-se no país em agosto, tendo passado de 34% para 46% entre 31 de julho e 22 de agosto, sendo o Algarve e o litoral alentejano as regiões em situação mais crítica. A informação foi prestada ao início desta tarde pelo ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, no final da 16.ª reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca.

Apesar deste agravamento - e de 97% do território se encontrar em seca meteorológica-, o ministro do Ambiente desvaloriza a situação considerando que há um ano o país estava em pior situação, já que “100% do território estava em seca severa ou extrema”.

Até final de julho choveu 22% do valor normal para o mesmo perío­do, colocando o mês passado como o “quinto julho mais seco desde 2000”, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). E em agosto mantiveram-se défices de precipitação. Se não chover até outubro, a situação pode revelar-se preocupante, sobretudo no Algarve e no litoral do Alentejo. Mas segundo Duarte Cordeiro, “as previsões apontam para 40 a 50% de probabilidade de que venha a chover acima do normal e já se espera alguma precipitação na próxima semana”.

As barragens

A barragem de Odelouca (Algarve), e a de Santa Clara (Alentejo) estão a menos de 30% da sua capacidade, e a da Bravura a menos de 10%, mas Duarte Cordeiro prefere reforçar que “as albufeiras (em geral) estão a 72% da sua capacidade, quando estavam a 57% em outubro de 2022, o que nos deixa numa situação de arranque meteorológico melhor”.

Quanto à situação crítica das barragens do Barlavento algarvio, o ministro frisa que há planos e “cinco milhões de euros do Fundo Ambiental para ir buscar água abaixo do volume morto em Odelouca” e elogia os agricultores por se ter verificado “uma redução de 14% no uso da água para consumo agrícola” e “o reforço das campanhas para reduzir os consumos de água em geral”.

Fiscalização

Já a situação dos aquíferos, sobretudo a sul do Tejo, deixa o ministro mais preocupado. Como anunciado há uns meses, foi emitido um edital a impor a redução da captação de 15% da água no aquífero Almádena-Odeáxere (no Barlavento algarvio), foram reforçadas as fiscalizações e emitidos dois processos de contraordenação por captações ilegais neste sistema de águas subterrâneas. E no próximo ano vão reforçar a monitorização e a fiscalização no aquífero de Querença-Silves com o objetivo de também reduzir as captações em 15%.

Sem que tenha havido reforço de meios nas entidades fiscalizadoras do Estado, o ministro explica que os resultados resultam da articulação de várias forças onde se incluem técnicos e inspetores da Agência Portuguesa do Ambiente, da Inspeção Geral do Ambiente (IGAMAOT) e da GNR.

Preferindo também ver o copo meio-cheio, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, considera que “há uma capacidade adicional de 9% de água nas albufeiras comparando com o ano passado”, o que leva também a elogiar “o esforço grande dos agricultores em poupar”.

Uma das albufeiras em situação mais crítica continua a ser a de Santa Clara, em Odemira, para a qual a ministra diz haver um concurso para reduzir em 25% as perdas de água e a possibilidade de se construir uma dessalinizadora na região.

Maria do Céu Antunes garante que está em vigor a suspensão de autorizações para novas estufas e áreas produtivas temporárias ou permanentes no perímetro do Sudoeste alentejano, anunciada em maio, mas as que tinham investimento já efetuado vão prosseguir.

Entretanto, a comissão administrativa mandatada pelo Ministério da Agricultura, que tomou conta da Associação de Beneficiários do Mira em junho, aumentou em 55% a captação de água por hectare aos grandes produtores que passaram a poder captar 2800 m3 por ha, quando antes só podiam captar 1800 m3/ha.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ctomas@expresso.impresa.pt

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