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Altice: Carlos Alexandre coloca Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes em prisão domiciliária

Altice: Carlos Alexandre coloca Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes em prisão domiciliária
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O cofundador da Altice, Armando Pereira, e o seu braço-direito, Hernâni Vaz Antunes, vão ficar em prisão domiciliária. O MP queria que este arguido ficasse em prisão preventiva

Altice: Carlos Alexandre coloca Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes em prisão domiciliária

Hugo Franco

Jornalista

O juiz Carlos Alexandre decretou que o cofundador da Altice, Armando Pereira, e o seu braço-direito, Hernâni Vaz Antunes, vão ficar em prisão domiciliária enquanto aguardam pela acusação e pelo julgamento.

Esta manhã, durante a promoção das medidas de coação, o Ministério Público pretendia que Vaz Antunes ficasse em prisão preventiva, a medida de coação mais gravosa, mas o juiz de instrução do Tribunal Central de Instrução Criminal não acedeu aos procuradores da Operação Picoas.

Além de Armando Pereira e de Hernâni Vaz Antunes. são também formalmente suspeitos Jéssica Antunes, filha de Hernâni, e também o economista Álvaro Gil Loureiro.

Foi preciso mais de uma semana para interrogar os quatro arguidos desta operação que investiga negócios ilegais em torno da Altice. O atraso das diligências exasperou arguidos e os seus advogados que várias vezes expressaram o seu desagrado à porta do tribunal à comunicação social.

“É cansativo. Os arguidos estão a ficar impacientes. O meu arguido está detido há oito dias e até segunda-feira não terá decisão. A culpa é do Ministério da Justiça, que não tem condições para os tribunais funcionarem com mais rapidez”, criticou Pedro Marinho Falcão, um dos dois advogados de Armando Pereira.

Durante este período, os suspeitos ficaram em prisão preventiva na cadeia do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, em Moscavide (Loures).

O que está em causa?

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e a Autoridade Tributária (AT) investigam crimes de branqueamento de capital e fraude fiscal, entre outros, que terão sido cometidos pelos arguidos nos últimos cinco anos.

Tal como o Expresso noticiou, há suspeitas de negócios imobiliários ilegais de sete prédios situados na zona de Picoas, em Lisboa, e avaliados em centenas de milhões de euros.

Entre 2018 e 2020, a antiga Portugal Telecom vendeu sete edifícios no centro de Lisboa a Hernâni Vaz Antunes. Ao todo, segundo o que o Ministério Público apurou durante a investigação da Operação Picoas, Vaz Antunes conseguiu fechar esses negócios por um montante global de €24 milhões. As suspeitas são de que estas compras foram realizadas por valores abaixo de mercado e com a cumplicidade não só de Armando Pereira como de outros elementos, incluindo o então CEO da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, de modo a poderem ser aprovadas internamente.

Também estão a ser investigados negócios sobre os direitos televisivos entre a Altice e vários clubes de futebol.

A investigação seguiu o rasto do dinheiro de várias sociedades pertencentes aos arguidos situadas em paraísos fiscais, nomeadamente na Zona Franca da Madeira ou em países como os Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos.

O MP e a AT suspeitam que o Estado tenha sido lesado em mais de cem milhões de euros com este esquema.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

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